sábado, 3 de dezembro de 2011

KARAJAZZ

Para mim não faz diferença. Nasci em Belém e continuarei paraense no caso de uma eventual divisão do Pará. Mas, imaginando se tivesse nascido no que estão propondo como novos Estados, Tapajós e Carajás, como ficariam meus documentos? O que eu seria/serei no caso do primeiro? Tapajara? Tapauense? Taperebá? E no caso do segundo? Caraíba (que d+!), Caraoca? Carajeiro?

Se pretendem um plebiscito para divisão, por qual motivo os nomes dos novos Estados também dele não fazem parte? E por que tais nomes têm que ser necessariamente de origem indígena? O Pará, como todo o Brasil, é formado por pelo menos 3 raças: Branca, Negra, Amarela (considerando tudo que seja dessa cor). Não necessariamente nessa ordem. Começando pela última. Ok. Tapajós e Carajás representam os amarelos indígenas. Mas e os amarelos japoneses que plantam pimenta-do-reino e contribuem para a riqueza do Estado? Não poderiam ter na lista algumas sugestões, tipo Nova Hiroshima ou Nova Nagasaki, como os americanos fizeram com a velha York? Ficaria mais fácil como alvo quando os gringos resolverem detonar de vez a Amazônia.

Os Negros. Certamente a história do Pará é repleta de heróis negros. Então, não poderia se chamar um Estado de São Benedito e outro de Santa Anastácia? Se a oposição gritar por serem santos "católicos", que coloquem nomes dos heróis negros, mas, por favor, evitem Axé e coisas do gênero.

Os Brancos. O que morreu de Manoel e Joaquim para que o Pará fosse a imensidão que é e agora não tem uma lista que inclua também nomes europeus brancos? Que coisa! Sou a favor que o povo soberano decida os nomes dos novos Estados!

Pode ser algo sensato, como Amazonas, por exemplo. Amazonas acho um belo nome considerando a região onde se encontra e tudo mais. Ou algo esdrúxulo como Mato Grosso. O que é? Um mato que não é fino? Rio de Janeiro. Poderia ser de Fevereiro, quando tem carnaval. Pior! Quem nasce lá, com todo aquele sotaque besta, é cari-oca. Está no Aurélio: do Tupi, casa (oca) do branco (cari). Maranhão. Bem, pelo menos este se sabe que significa Sarney e que o Boi de lá dança Reggae. São Paulo pensa que é branco, mas acho que tem mais nome indígena por metro quadrado que qualquer outro Estado brasileiro: Iguatemi, Ibirapuera, Anhanguera, Pindamonhangaba... e por aí vai! Belém também exagera: Jurunas, Marambaia, Mundurucus, Caripunas, Timbiras... Putz! Chega!

Voltando aos nomes brancos. Até nome indígina em Inglês tem outra sonoridade: MANHATTAN! (Manrratan!). Wow! No Brasil seria, como já cantou alguém que não lembro quem, Manhantã! Blargh! Brincadeira. Bem, no caso branco a lista é grande... tem português, italiano, judeu etc. É só resumir. Coloca tudo na mesma panela e salta aí um... TAPAJAZZ (Tá, pajés!) ou, melhor, KARAJAZZ! Com K, lembrando o grande Karajan. Pelo menos nascendo em um dos dois Estados, o nativo teria um documento sonoro (que no fim das contas é negro, embora já mundialmente desbotado e esbranquiçado)... musical.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

CARNAVAL DA TRIBO


Dividir o Pará... as coisas sérias, as considerações fundamentadas e ponderadas, as análises filosóficas e políticas estão rolando por aí. A mim, como paraense de Belém, fútil e vazio, só interessam 3 coisas:

1. Ninguém toca na estrela.


2. O todo é maior que a soma de suas partes, logo...

3. O meu Pará tem 3 pontas. Tem 3 pontas o meu Pará. Se não tivesse 3 pontas, não seria o meu Pará.

domingo, 30 de outubro de 2011

domingo, 18 de setembro de 2011

UGAM-BUGARUM


Já escrevi muito sobre o passado e chegou o momento de falar do presente. Que presente! Quando vou ganhar o pão nosso de cada dia, deparo com a paisagem das fotos que fiz para minha irmã, Márcia. Trabalho no prédio ao fundo, logo após a última torre da igreja, na Piazza Navona, centro de Roma. Palazzo Pamphilj, Embaixada do Brasil. Ninguém entra lá sem passar por mim. Da senhora que faz a limpeza até o Presidente do Brasil.


Algumas vezes estou na residência do Embaixador e outras vezes na Chancelaria.


Sou apenas um vassalo, mas com muito que agradecer diariamente em minhas orações. Por falar nelas, passei um pequeno vexame recentemente. Estava internado em um hospital da Opus Dei, em Roma, e veio um padre italiano me visitar. Perguntou se eu queria confessar e comungar, no que concordei. Ao final da confissão ele deu minha penitência e me convidou para rezar o "Atto di dolore". - Que??? Pensei. - Ah, Padre, sei apenas em Português! - Não tem problema. Reze em Português. (Ferrou!) - Comece o senhor em Italiano. Nessa altura do campeonato, percebendo que eu não sabia mesmo era o que rezar, ele me ofereceu um livrinho com a bendita oração e rezamos juntos. Ufa! Acho que tive perdoados os meus pecados e pude, enfim, comungar em paz. Para entender do que se tratava, conversei com minha irmã Márcia. Era nada mais que o Ato de contrição. Putz! Meus filhos acabaram de fazer a Crisma e nunca ouviram falar. Que tristeza... que vergonha... que católico que sou. Para nunca mais esquecer, aqui vai a oração em Italiano:

ATTO DI DOLORE

Mio Dio, mi pento e mi dolgo con tutto il cuore dei miei peccati, perché peccando ho meritato i tuoi castighi, e molto più perché ho offeso te, infinitamente buono e degno di essere amato sopra ogni cosa. Propongo col tuo santo aiuto di non offenderti mai più e di fuggire le occasioni prossime di peccato. Signore, misericordia, perdonami.

Bem, neste presente que vivo, sabendo ser este o último ano do meu filho na Schola Puerorum della Cappella Musicale Pontificia Sistina, gostaria de lá colocar outro brasileirinho: um indiozinho da amazônia. Tem que ter, no máximo, 7 anos de idade e ser extremamente afinado. Quero adotar como filho e educar musicalmente como eduquei o meu. Ainda estou tentando convencer a Marta desse projeto, mas acho no que, no fim, ela vai concordar. Se alguém quiser ajudar...

Ferrari Neto cantando na Cappella Sistina

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

3 x 1


Anos 80... estes aparelhos eram o máximo! Permitiam reproduzir e gravar fitas K-7, discos de vinil, rádios FM, AM etc.

Lembrei deles hoje pensando na minha formação acadêmica.

A musical é mais conhecida e os frutos estão aí para receber tapas e beijos. As outras duas comento um pouco a seguir.

Foram 15 anos, em Fortaleza, exercendo a profissão de Psicólogo. 15 anos! Nunca deixei de clinicar. Trabalhava em colégios, empresas e hospitais, mas poucos sabem disso. Meu consultório particular funcionava em um dos pontos mais nobres da cidade: Rua Silva Jatahy, esquina com Av. Barão de Studard, Edifício Atlantic Center (do qual fui síndico), logo atrás do Habib's da Av. Mons. Tabosa, pertinho do mar, 8° andar e uma vista maravilhosa da cidade. Lá também funcionava meu estúdio musical onde eu dava aulas e produzia trabalhos independentes. Isso me obrigava a ter 2 ambientes distintos para cada situação, pois, enquanto no primeiro deveria evitar a exposição dos meus valores pessoais (fotos, crucifixos etc.), no segundo era livre para tudo.

Sempre gostei de clinicar, mas, financeiramente, comparando com a música, não era bom negócio. Enquanto um cliente de Psicologia pagava, na época, por exemplo, R$ 50,00 a R$ 70,00 por 50 minutos de terapia, no mesmo período de tempo, com 4 teclados e fones de ouvido, 4 alunos de música, pagavam R$ 25,00 a R$ 30,00 cada um! Ou seja, era praticamente o dobro! Fora os outros trabalhos como regência, produção, gravação, arranjos etc. Mesmo assim, eu atendia - pois era uma experiência maravilhosa, incrível e desafiadora - crianças, adolescentes, adultos, casais, idosos, famílias, enfim, exerci mesmo a profissão e, pelos resultados alcançados, posso dizer que fui honesto com os que confiaram em mim.

Sou freudiano, logo, minha sala tinha um divã.


Ah, quem dera! Não era como esse da foto, mas servia para a função. Sempre procurei ser ortodoxo e isso implicava em evitar transparecer minhas expressões faciais no decorrer do discurso.

Agora que estou distante da clínica, não vou discorrer sobre a teoria, Freud ou coisas do gênero. Muita gente já fez e, certamente, com muito mais capacidade e competência que eu jamais teria. Isso não me impede de relatar a minha impressão pessoal sobre o que aprendi com meus clientes.

O ponto principal é a escolha do paradigma. Durante 6 anos, entre bacharelado e especialização, no final, é preciso decidir. Desculpem, colegas de outras escolas, mas é como o ovo de Colombo: genial!

Depois vem a questão cultural. Sinto dizer, mas Psicanálise... hum... peraí... deixa eu tentar não ferir sentimentos... sabe... o "sujeito", no caso aqui com o sentido de "analisando", tem que ter alguns neurônios, talvez até mais que o analista, para, no decorrer do processo, chegar aos "insights", "catarses"... resumindo: pobre e burro complica. Nesse caso, ajuda mais uma cartomante, um pai-de-santo, um confessionário católico e coisas do tipo. Este parágrafo é polêmico. Muitos vão torcer o nariz, mas não me preocupo. Atendi gratuitamente, durante anos, pessoas de comunidades, favelas e periferias, na UNIFOR. Sempre se chega ao destino, mas a estrada é diferente.

Talvez isso explique o motivo dos planos de saúde no Brasil, com raras exceções, não cobrirem esse tipo de terapia. Não quero ser linchado, mas a clientela não exige por não entender que precisa e tem direito e, ao mesmo tempo, os tubarões pensam ser coisa de primeiro mundo ou de quem, vivendo em terceiro, pode pagar. Triste.

Administração.

Entre outras coisas, gostava disto: PERT/CPM.


Por muitos anos administrei escolas de música em Belém e Fortaleza, mas, confesso, não é fácil administrar para os outros. Quando cansei (e cansaram de mim), resolvi administrar minha própria escola que sustentou minha família até antes da nossa mudança de país. Além dela, administrei, mal ou bem, minha vida e um casamento de mais de 20 anos que resultou em um núcleo de 4.

Multifocal, como as lentes dos meus óculos...

domingo, 11 de setembro de 2011

MUSICANIMAL

Com ícones para chamar atenção, as partes aparecem no meio dos textos: "conselho", "tente você também", "não perca", "no CD", "atenção aos snobs", "um mergulho no passado" e "para conversar". Anoto algumas que não quero esquecer.

"Em Russians, Sting colocou texto em uma composição de Prokofiev".
"Handel nasceu na Alemanha e estudou na Itália. Isso explica a razão de ser considerado um dos maiores compositores ingleses".
"Ode a alegria, da Nona Sinfonia de Beethoven, desde 1985 é o hino oficial da UE".
"Mendelssohn foi um dos raros compositores da primeira metade '800 que obteve fama e fortuna em vida".
"Strauss era também um grande diretor de orquestra e isto poderia explicar porque foi, entre os grandes compositores, um dos poucos que em vida obteve fama e riqueza".
"Durante uma sessão de psicoterapia com Sigmund Freud, Mahler entendeu que aquele episódio (tem que ler o livro) o tinha induzido a associar a música mais frívola e alegre à tragédia".

As boas! :-)

"Se, assistindo a um concerto, parece que o solista está improvisando a cadência, significa que está se comportando bem".
"Em linha geral, as sonatinas são mais fáceis que as sonatas, em todos os sentidos. Geralmente são compostas para músicos principiantes. Se a MTV transmitisse música erudita, provavelmente a programação seria quase toda de sonatinas".
Aplaudir ou não aplaudir entre os intervalos dos movimentos (o livro pretende motivar o interesse pela música erudita). Os autores, antes do que vem a seguir, com muito humor, defendem a liberdade total dos aplausos, mesmo sabendo que isso não é possível nos dias atuais.
"Uma sinfonia (concerto ou suite) é concebida como um todo. Os movimentos têm sempre relações entre si: são inseparáveis, como frases de um parágrafo ou capítulos de um livro. Aplaudir entre eles faz com que sejam considerados separadamente, esquecendo, antes do final, o que aconteceu no início. Agora, explicaremos os motivos que nos levam a considerar esta opinião comum totalmente insensata:
. Os espectadores, para não disturbar o maestro e os músicos, reservam os seus ataques de tosse para os momentos de pausa que separam os movimentos e começam a tossir em massa. Do ponto de vista da orquestra é, sem dúvida, melhor assim que ouvir as tosses durante a execução, mas isso interrompe, de qualquer modo, a continuidade, exatamente como fariam os aplausos.
. De vez em quando, entre um movimento e outro, os músicos têm necessidade de afinar os instrumentos. Os sons estranhos oriundos das diferentes claves interrompem o fluxo da música". A lista continua, mas estes bastam.

O capítulo sobre os bastidores (maestros x músicos x sindicatos etc.) é hilariante do início ao fim!

Para não ficar longo demais, termino com uma parte da explicação sobre o Violino.

"Originalmente as cordas eram fabricadas com intestino de gato, o mesmo material que depois foi usado também para raquete de tênis. O motivo é que o intestino é muito elástico e pode ser esticado bastante sem arrebentar, produzindo um som muito agradável (para todos, mas talvez não para os gatos). Entre as extremidades do arco são fixadas algumas crinas de cavalo (extraordinária a importância dos animais na história da música). De que maneira a espécie humana conseguiu descobrir que esfregar uma parte do cavalo em uma parte do gato produz um belíssimo som é coisa que vai além da nossa imaginação." (MUSICA CLASSICA PER NEGATI - David Pogue & Scott Speck)

domingo, 21 de agosto de 2011

TOO LATE (DERRAMADO)

Em um recital de Coral, antes de cada música, costumava comentar um pouco sobre alguns detalhes que considerava interessantes tanto no texto quanto na estrutura musical. Uma delas era "Coimbra": choupal, o lente, a história dessa Inês tão linda etc. Falando nela, era divertido como reagiam as pessoas quando contava que o rei mandou matar os que a mataram e comeu o coração deles (a Wikipedia diz que ele "se banqueteava" enquanto os corações eram arrancados em Santarém - logo lá? poderia ter sido em Óbidos!) e que mandou desenterrar Inês de Castro e a colocou sentada a seu lado obrigando a corte a beijar a mão da, então e finalmente, rainha.

Impressiona a capacidade de alguns humanos em derramar o leite e querer voltar com ele para a garrafa, gota por gota, para que seja bebido "integral"!

Coimbra é uma lição de sonho e tradição... o livro é uma mulher, só passa quem souber... mas, além disso, importante mesmo é que depois não adianta. Se dirá apenas...

AGORA É TARDE... INÊS É MORTA.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

VARIASONS

Não poderia faltar o tema. Demorou, afinal, as fotos que restaram estavam no Brasil.

O projeto, a história, o evento, um pouco de tudo já foi contado no livro "Decibéis sob Mangueiras", do escritor paraense Ismael Machado. Pulo.

Vou relatar aqui o caos, o pandemônio, os particulares que fizeram valer a pena cada minuto vivido naqueles anos musicais.

O livro "Musica Classica per Negati" conta que "algumas importantes obras de Bach foram salvas e conservadas apenas poucos momentos antes de servirem como papel para embrulhar peixe nas feiras". Muitas, aliás, tiveram esse fim. Possível imaginar o tesouro que se perdeu? Diz ainda o livro sobre "(...) a tradicional incapacidade do público em perceber a grandeza dos contemporâneos. São poucos os compositores e artistas que se tornaram famosos quando vivos. Bach foi muito conhecido, até venerado, ao seu tempo, mas como organista, não como compositor. As suas músicas ficaram no esquecimento por quase todo um século".

O filme "Amadeus" foi para as telas nos anos 90 e o que vou relatar aconteceu nos anos 80 em Belém do Pará. De qualquer modo, a conclusão final de Salieri sobre o domínio da mediocridade neste mundo e a necessidade de absolvição também era minha. A pedra filosofal do Variasons pretendia a alquimia de aproximar o imperfeito do perfeito, afinal, se o público, como diz o livro, tem dificuldade em perceber a grandeza dos contemporâneos, que dizer de meia dúzia de pretensos acadêmicos?

Meu objetivo era um palco com a melhor estrutura possível e em cima dele o desconhecido, o desacreditado, o gênio, o medíocre, o MÚSICO. Juiz: PÚBLICO.

Naqueles anos os tecladistas estavam em alta. Eram monstros respeitados. Egberto Gismonti, Wagner Tiso, Cesar Camargo Mariano, Chick Corea, só para citar alguns.

No meu pedacinho de mundo, lá estava eu como tecladista de uma banda cujos músicos possuiam os melhores e mais sofisticados instrumentos. Meu salário permitiu comprar o mais barato teclado Giannini com apenas 3 registros: Piano, Strings e Organ (hoje o brinquedo mais simples não tem menos de 100).

No Variasons era disponível para todos os músicos os melhores e mais caros instrumentos da época. Lá sim, era possível dedilhar um DX-7 Yamaha e outros modelos de marcas famosas tipo Roland, Korg, Kawai etc. O problema, no meu caso, era mais ou menos como um motorista de trator de repente ter que pilotar um jato 747. A idade e o raciocínio rápido que ela permitia facilitavam as coisas. E a gente pilotava!


Chega de relato pessoal. Já deu para perceber que o projeto veio para arrombar a festa! Se nos ambientes acadêmicos, públicos e oficiais o espaço era limitado aos gênios e panelinhas, no palco do Variasons subia praticamente todo mundo. Claro, eram apenas 3 noites e o tempo limitado, mas tentava ser o mais democrático (e anárquico) possível. Um exemplo? Muito bem! O que vem a seguir é um relato que está na comunidade "Variasons" do Orkut. O autor, músico, se chama Marcos Borges,  vive na França e gira a Europa e o mundo tocando. Segue o texto exatamente como ele escreveu e que me fez rir bastante!

variasons porta de entrada para a rapaziada
entao , praticamente vivenciei toda a trajetoria do variasons , me lembro dos grupos que iniciaram o evento XPTO , MOSAICO DE RAVENA, ECOS,,MORFEUS ( onde foi a grande estreia do grupo),ANJOS &DEMONIOS , REPRESSAO SUICIDA,GREEN HELL,O CRACK, GRUPO CHAMA,NECROPHAGY,dDELINQUENTES, GENOCIDE, ACIDO CITRICO ,NOSFERATUS,BLACK MASS,DNA,E TANTOS OUTROS;; entao voltando ao assunto ferrari junior musico pianista criou a ideia e concretizou solidamente o evento que era no ginasio do sesc da doca ,, depois passou para o centur ,, participei do evento pela primeira vez com o grupo de "METAL MACUMBA ' mais famoso de belem o MORFEUS na praça do povo do centur foi a estreia do grupo ,, e foi du "barbalho" foi a banda da noite quase o centur desaba dava pra sentir o palco tremendo , pois depois deste show o centur encerrou o variasons na praça por falta de estrutura e la vem o variason pro sesc novamente,,, depois participei de uma outra versao do variasons no ginasio do sesc , so que as reunioes do ferrari junior com os grupos eram feitas em uma tenda de circo atras do centur ,, e ai que entra minha estoria que ninguem (ou quase ) sabe ,,fui na reuniao de penetra onde estava uma porrada de gente parecia a "ARCA DE NOE" tinha de tudo ,punk, mataleiro , hippie, black metaleiro, carimbozeiro; mpbzeiro ;; ali o ferrari começou a selecionar os grupos ,a seleçao era complexa bastava dizer o nome do grupo e ja tava dentro ,, ai começou rolar os nomes ,delinquentes, black mass, terrorist, etc,,, derrepente o ferrari me olha e me pergunta e tu como se chama teu grupo?? e eu exitei um pouco e respondi " SCARFACE" entao la estava eu dentro do variasons de novo ,, o problema era que aquele grupo nao existia , pois falei aquilo no susto ,,eu nao tinha banda ,,huahuahuahuahua, ai acabamos tocando em 5 com a seguinte formaçao , kalunguinha "masturbator"(vocal), eu (baixo),max ccaa & crioulo doido(guitarras) e mauro gordo( batera),,E MOLE?????

Lá na comunidade existem diversos outros depoimentos, mas acho que esse resume bem o espírito do que foi aquilo. A imprensa paraense registrou cada versão do projeto estimando público de até 4000 pessoas por noite. Não importa o número exato. Era gente pra caramba! Pela minha mão circulou uma dinheirama da qual, como idealizador, coordenador e realizador de tudo, me coube o suficiente para comprar minha primeira mobilete de segunda mão. O investimento era todo na qualidade do que estava no palco. Quando penso nisso... não me arrependo. Foi divertido!

Infelizmente não consegui encontrar mais nenhuma foto das versões do CENTUR (com gente pelas mangueiras por falta de espaço no chão) e do palco da primeira versão, no SESC, que foram, no meu modesto ponto de vista, das mais surpreendentes, completas e bem servidas. Sobraram as que seguem.





terça-feira, 9 de agosto de 2011

CARPE DIEM

Estava com saudade deste espaço.

Julho/2011: girei por aí, falei com pessoas, ouvi histórias, revi o passado, revirei baú entre fantasmas e visagens. Voltei!

Na partida de Roma pela Air Italy nosso avião abortou a decolagem. Já estava com algumas centenas de Km/h quando começou a frear bruscamente. Sensação... escrota! Não tem outra classificação. Voltamos para a estação. Pizza & refrigerante foi o lanche oferecido para a espera de 4 horas que nos fez perder a conexão TAM Fortaleza / Belém e nos custou algumas centenas de R$ para remarcar os bilhetes para o próximo vôo.

Na volta, sempre com Air Italy, um atraso de 10 horas. Das 18:30 transferiram para 04:30 do dia seguinte. Lanche do Burger King oferto pela companhia e mais nada! Todo o resto pagamos nós. Depois dessa pequena espera, com apenas 1 hora de vôo e sem dormir absolutamente nada, na escala em Natal fizeram descer todos os passageiros, pois era fim da linha e o avião seria organizado para o vôo internacional que ali teria início. Ou seja, pegamos o bonde andando. Martinha, exausta, deixou no avião a sacola com bijuterias e cosméticos que acabara de comprar no Duty Free de Fortaleza, meus livros e os gibis dos nossos filhotes. Na volta, lugar mais limpo! Procura, chafurda, nada! Reclama daqui, dali, enfim, uma sugestão do pessoal de bordo: Lost & Found de Roma. Ok... lá chegando, outra sugestão: enviar um e-mail para o "customer care" da companhia, pois a sacola provavelmente teria ficado em Natal. Tínhamos um seguro oferecido pela Air Italy que, soubemos depois, não cobria bagagem de mão. Ma va... quem mandou não ler o imenso contrato? Sem muita esperança, escrevi e enviei o e-mail para a matriz italiana. Responderam! Prometeram procurar a sacola. Passados poucos dias, chegou outro e-mail: acharam a sacola! WOW! Estava em Natal. Prometeram entregar em casa. Passaram poucos dias, entregaram a sacola na porta da nossa casa! WOW2! Eh, va bene... faltava meu marcador de página, em metal, que minha irmã Martha trouxe de Dubai e me deu de presente... e também um tal "gloss" da minha filha. O resto estava lá! Inclusive revistas e livros brasileiros que eu não tinha lido ainda. Destes, quero comentar alguns.

Primeiro, uma revista (110 páginas) chamada PZZ (N° 11, Ano IV) que parece significar Pará Zero Zero, que não consegui (ainda) descobrir o que significa. Saborosa letra por letra, linha por linha! Traz a história do italiano Padre Jesuíta Giovanni Gallo e o Museu do Marajó. A revista tem como colaborador o filho do meu amigo Carlos Silva que foi quem me deu de presente o referido exemplar. Obrigado, meu caro! Tem mais? Quero assinar! Chega na porta da minha casa em Roma pela Air Italy?


Segundo, um pequeno livro de 30 páginas, mas que relata vidas e fatos maravilhosos: A presença franciscana em Óbidos, de Chaguita Pantoja.


Acho curioso apenas a quantidade de erros de impressão em algumas publicações brasileiras. Não existe mais revisor? Quando eu era aprendiz de feiticeiro, na tipografia dos franciscanos, tudo era revisado infinitas vezes. Detalhes...

Devorados ambos e iniciados outros, retornei para minha rotina que, aliás, nunca me pareceu tão bela, mesmo tendo que ir de vez em quando ao hospital, pois ainda me recupero da última cirurgia. Por falar nela, que saco ter que explicar toda vez minha atual aparência de faquir. Levei duas pauladas em dois anos, pô! Mas ainda estou aqui até o dia em que o "Capo" carimbar o visto no passaporte para o além (espero que demore)! E se quem pergunta não contribui com um centavo para meus remédios e médicos, com raras exceções, não terá de mim nenhuma resposta. Pode pensar e espalhar o que quiser, não me interessa. Quer o meu bem? Basta incluir a mim e minha família em orações. Grazie! Quer o mal? Diversas opções. Sem problemas. Eu chuto todas!

Pesquei bastante no Brasil e, chegando na Itália, lembrei que perto da nossa casa tem um lago. Lá fomos nós neste último final de semana e qual não foi minha surpresa quando descobri que é permitido pescar e tem inclusive uma lojinha com todos os apetrechos para pesca. Caramba! A vara é de metal, com punho emborrachado e bandeira italiana, recolhe como uma antena e é absolutamente flexivel e linda! Os vermes para isca são criados em cativeiro e vendidos vivos! Putz! Não precisa cavar e catar minhoca?! A Dalila gostou e o Neto detestou! Ele quer pescar, mas não tem coragem de espetar o ser vivo no anzol. Comprei tudo já montado: vara, linha, chumbinho, bóia, anzol e iscas. Total: 7 euros (fala sério...). Pesquei uns peixinhos que não sei o nome e devolvi todos para o lago. Vamos voltar lá! Ontem foi tudo meio improvisado, mas valeu o dia! Difícil foi convencer a Marta que os vermes devem ser guardados na geladeira de casa, no saquinho plástico, para que possam viver pelo menos uma semana, tempo para a próxima pescaria. As férias escolares só terminam na primeira metade de Setembro! Até lá, a cada dia o seu... bem.

 Lago di Bracciano: enquanto eles se divertem...

 ...io schiaccio un pisolino (tiro uma soneca)...

 ...ela faz pose...

..."o verme passeia na lua cheia"...

...até ser espetado no anzol...

 ...e proporcionar a foto com o peixe.
Assim foi... assim é.

domingo, 7 de agosto de 2011

PAU-X

No dia 09/11/2009, no Portal de Óbidos, foi publicado um texto de minha autoria pedindo ajuda na revisão da poesia e fotos para ilustrar um video com o Hino de Óbidos.

Esqueci que as pessoas da sala de jantar estão sempre ocupadas com suas tongas-da-mironga-do-kabuletê. Assim, sem respostas, em 06/07/2010 carreguei no YouTube uma primeira versão em preto e branco, sem imagens, apenas com a letra, na esperança de, no futuro, produzir tudo sozinho. Em Julho/2011 isso aconteceu e hoje o arquivo antigo foi substituído. Como canta o poeta, "quem montou na cobra-grande não se escancha em puraque". Pois é... sem pretensão além da diversão.

"Silêncio e sons... inspira a sentinela e acalenta o presépio a música do grande rio..." (Ferrari Jr.)

domingo, 12 de junho de 2011

MATUTANDO


Melhor período do ano! Festas juninas e clima maravilhoso!

No Brasil, hoje, é Dia dos Namorados! Parabéns ao Chico Bento e Rosinha!

Pensando neles, lembrei do meu avô materno, Andrade (o lado genuinamente brasileiro da família), que quando avistava algumas figuras em arraial de Junho comentava discretamente: "Mas olha lá o 'Fulano' fantasiado dele mesmo!" Sempre que minha mãe conta isso, imagino a cena e não contenho o riso.

Um ilustre político, cujo cabelo azul-higienópolis, a boca e a cor da pele não escondem o pé na senzala, quando Presidente, declarou que brasileiro é caipira. Até certo ponto, tem razão. Falta avisar a turma dele.

Quando meu filho ingressou no Coro Cappella Sistina, entre muitas matérias publicadas no Brasil, uma da Revista VEJA, Edição 2091, 17/12/2008, tinha como título: LATIM COM SOTAQUE. Como assim? Ah, ele nasceu em Fortaleza! É cearense! Se tivesse nascido em Pindamonhangaba teria um Latim perfeito e sem sotaque? Classificado na reportagem como Barítono, é possível imaginar o/a Jeca-Tatu que escreveu o texto. De quando tal revista troca fatos pelos pensamentos de quem nela manda, como boa parte do PIG, o lugar é um só: lixo!

Não me irrita o fato de ser caipira, caboclo, matuto, deslumbrado, enfim. Como bom brasileiro, sou, somos (meus filhos) e tudo bem! Problema nenhum. Agora, a turma lá de baixo que fala "murango", "culégio", "acadimia", "tiatro", "porrrrrrrrrrrta", "um chops e dois pastel" querer ser melhor que a turma lá de cima, que fala "prua", "pupa", "ilharga", é brincadeira, né? A farinha é do mesmo saco Brasil, onde se pode falar do jeito que quiser, pois nada mais é errado nem certo (vai nessa!).

Vamos dançar quadrilha, comer cocada e tomar munguzá! Estou chegando com a minha turma! Vou aproveitar meu país feliz que, pelo andar da carruagem, por muitos e longos anos ainda será celeiro do mundo! Uma imensa fazenda na qual sou apenas um matuto (sem fantasia).

domingo, 5 de junho de 2011

O DISCURSO


"A boca fala daquilo de que o coração está cheio."
(Mt. 12,34)

Muitos, na época, não entenderam. O tempo passou, Freud explicou. Muitos ainda continuam sem entender. Bem, não sou eu que vou iluminar as mentes. Apenas me divirto quando percebo transbordar pela minha boca e, mais ainda, pela dos outros, aquilo de que o coração está repleto.

Sonho, ato falho, chiste... depois de alguns anos de prática clínica é tudo muito interessante e revelador.

"Não é o que entra na boca que torna o homem impuro, mas o que sai da boca, isso torna o homem impuro."
(Mt. 15,11)
  
Hoje é domingo... um postzinho meia-boca.

terça-feira, 24 de maio de 2011

MOSAICORAL


Pronto o “mosaico”. Não estão todos os grupos. As fotos de alguns ficaram no Brasil. Não são da era digital. Pretendo buscar um dia.

Na ordem aleatória gerada pelo computador:

1. Coral da Pastoral do Menor - Paróquia S. Vicente de Paulo – Fortaleza
2. Família em estúdio acompanhando gravação de CD
3. Coral do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará - TJCE
4. Coral Aba Film (família) – Fortaleza
5. Coral do Conselho Regional de Enfermagem – COREN/CE
6. Coral do Instituto de Prevenção do Câncer do Ceará – IPCC
7. Coral S. Vicente de Paulo – meu, com apoio do Colégio da Imaculada Conceição (CIC/CE)
8. Coral do Hospital de Baturité - CE

9. Gravando CD de Coral
10. Grupo S. Pedro (canto) - Paróquia S. Vicente de Paulo – Fortaleza
11. Coral do Lions – Distrito LA-4 (Fortaleza)
12. Coral Infantil do CIC/CE (minha filha, 2ª da E -> D)
13. Coral da Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE
14. Coral da Beneficente Portuguesa - Fortaleza
15. Coral S. Vicente de Paulo – Paróquia S. Vicente de Paulo - Fortaleza


Conforme vou lembrando, vou contando um pouquinho de história.

Em se tratando de visual de Coral tenho um pé medieval, mas acho que não é o momento de tentar explicar. Meu ecletismo sempre foi um problema: vou de AC/DC, Gregoriano e Carimbó dependendo do humor e do que considero harmonia de conjunto. Se a música “fechar a Gestalt”, seja o gênero que for, adoto.

Persegui a perfeição da forma com meus grupos e confesso que sem alicerce, base e suporte, hoje faria diferente.

As fotos estão aí. O som? O que eu consegui registrar - com pouquíssimos recursos financeiros - está no meu Canal (Fstudio) no Youtube e na série de CDs e DVDs PAX VOBIS. Ao vivo, quem ouviu, ouviu e, internamente, vaiou ou aplaudiu. Externamente só ouvi os últimos.

Os motivos pelos quais escrevo estas linhas são diversos. De todos, maus e bons, pinço os que contam para mim:

1. Levo a vida me divertindo e fazendo o que gosto. Trabalho, será?
2. Passo o bastão ao meu filho que, se quiser, continua a corrida.
3. Valeu!
    Finalizo com outra lembrança agradável.

    Grupão reunido e iniciado o ensaio, percebi que uma coralista do naipe Soprano (feminino), bem na minha frente, mastigava alguma coisa. Chiclete, pensei. Eu gosto também, mas não durante ensaio. Atrapalha, pode engasgar, não dá! Todos sabiam que não deviam colocar goma na boca durante uma hora e meia. Com educação, pedi para a moça jogar o chiclete fora. Ela disse que não mastigava chiclete. Curioso, perguntei, então, o que era. Ela respondeu que era... nada. Foi quando alguém do naipe Baixo (masculino), turma jocosamente conhecida como “baixaria”, gritou: Ela está ruminando!

    Com palavras não conseguirei descrever no que se transformou o momento.

    Corais... a todos, obrigado!

    domingo, 15 de maio de 2011

    CORAIS

    Era uma vez... um Coral que regi durante 10 anos e que não vou citar o nome para não comprometer ninguém.

    Na época eu deveria ter 30 e poucos anos. Embora sempre esteticamente deficitário, estava em pleno vigor da idade.

    O referido grupo era composto de distintas, elegantes e discretas senhoras com mais ou menos meio século de existência, porém, muito alegres e afinadas. Coral feminino. Nenhum homem além do Regente.

    Muito requisitado para eventos, eis que um dia o Coral deveria cantar uma Missa. Lá fomos nós para a igreja, sempre com algumas horas de antecedência para instalação e passagem de som, breve ensaio e acertos finais com o Sacerdote.

    Todo Coral sob minha regência tem uma equipe eleita democraticamente entre os coralistas para as diversas funções administrativas e de apoio. Nesse dia, a responsável pelas partituras esqueceu a pasta com todas elas e só percebeu quando pedi o material para iniciar o ensaio no local do evento.  Putz!

    Cada Missa tem, em média, 10 músicas e eu não tinha todas na memória. Precisava cifrar tudo no breve tempo que restava. Corre pra cá, corre pra lá, papel, caneta, letras no jornalzinho da igreja, teste rápido de som, enfim, um pandemônio no qual eu precisava manter o equilíbrio e a calma.

    Pedi a todas o máximo de silêncio. Precisava de concentração para cifrar tudo e, se possível, ainda fazer um rápido ensaio.

    Estava lá, concentrado, quando se aproxima uma coralista e sussurra no meu ouvido: - Maestro... - Agora não, dona Zeneide (nome fictício). Passaram alguns minutos e de novo: - Maestro... - Por favor, agora não posso falar. Respondi. Mais alguns minutos: - Maestro... Em tom mais firme e duro, quase gritando: - Agora não, dona Zeneide! Por favor, estou trabalhando!!! No que ela devolveu no mesmo tom: - Maestro, o zíper da sua calça está aberto e se continuar assim não vou conseguir me concentrar para cantar a Missa!!!

    Quando levantei a vista da partitura dei de cara com um grupo de senhoras sérias me olhando e não resistimos: gargalhada geral!!! Discretamente, afinal, estávamos em uma igreja! Relaxei, fechei o zíper, cifrei tudo e acho que foi uma das Missas mais animadas que cantamos. Deu tudo certo no final.

    Essa história foi lembrada, contada e recontada por anos entre nós, sempre com muito humor.

    Quem fez parte da cena sabe de qual Coral o caso integra o repertório, bem como o nome verdadeiro da minha querida coralista.

    Estou pensando em montar um mosaico com as fotos de todos os meus Corais, mas, no momento, fico por aqui.

    Que tenham todos um santo dia e uma Noite Santa.

    quinta-feira, 12 de maio de 2011

    LENDA$


    Pois é, pois é, eu não sou de igarapé,
    quem montou na cobra grande não se escancha em puraque.

    (Paulo & Rui Barata)

    Até pensei em escrever, contar dos meus filhos, de questionar o quanto disso ainda existe e é ensinado nas escolas, mas... sinceramente? Broxei. Who I am...

    Quem, por amizade ou caridade, lê este Diário, talvez tenha visto este parágrafo no post GELERT:

    Uma das vilas mais bonitas do Paí­s de Gales é Beddgelert, que fica na junção de três vales, no condado de Gwynedd.

    Milhares de visitantes de todas as partes do mundo vão para lá todos os anos, mas não é devido aos jardins ornamentais ou pelas atraentes lojas de souvenir.

    Uma lenda. Quantas existem só na Amazônia brasileira?

    Panfletar a região no mundo e, tudo bem, menos, nos aeroportos nordestinos que recebem todos os dias dezenas de vôos lotados de gringos? Blablablá... coisa de músico... idealista... va pensiero... deixa pra lá!

    Enquanto alguém de talento tocar e cantar Waldemar Henrique, algum túnel existirá no fim da luz...




    quarta-feira, 20 de abril de 2011

    STABAT MATER

    Ele nasceu, morreu e ressuscitou. Aleluia! Sem esse pequeno detalhe, tudo teria sido em vão. Por esse motivo é a Páscoa a maior e mais importante festa do cristianismo, embora para alguns se resuma a coelho que bota ovo de chocolate, feriado e praia.

    Todos os anos festejo a data e envio mensagens aos familiares e amigos celebrando a vida. Ano passado estive alguns dias em um hospital e dei de cara com a morte. É com ela que quero uma conversinha desta vez. Na verdade, ela está por perto sempre, mas consegue não chamar atenção, até quando resolve se manifestar. Antes de ontem (18/04), por exemplo, levou Pietro Ferrero, 48 anos, herdeiro de um dos homens mais ricos do mundo, Michele Ferrero, criador da Nutella. Estava passeando de bicicleta, o coração parou, caiu e não levantou mais. Assim, sem muita explicação.

    Segundo Carpeaux, são cinco grandes Stabat Mater: Vivaldi, Pergolesi, Haydn, Verdi e Rossini. As igrejas de Roma estão repletas deles neste período, mas o que me fascina no catolicismo é o conjunto, o completo, o todo, o tudo.

    Diante da Pietà me pergunto como alguns seres dotados de inteligência perdem tempo discutindo se aquela dona era, continuou ou nunca foi virgem, se depois ou antes daquele filho teve outros, se o pobre marido segurou a onda e outras firulas que, pelo fervor da discussão, parecem fazer diferença na direção que gira o planeta.

     Stabat mater dolorosa
    iuxta Crucem lacrimosa,
    dum pendebat Filius.
    Cuius animam gementem,
    contristatam et dolentem
    pertransivit gladius.


    Não vou colocar aqui o texto completo e traduzido, pois prefiro assim, duro como o mármore da estátua que Michelangelo faz macio como pano: MORTE! Absolutamente tudo caminha para ela e ao mesmo tempo foge dela. Filosofar sobre isso, aprofundar com teorias, discorrer sobre a música muitos já fizeram e não é o momento.

    O ponto é que, como católico, nestes dias, pela primeira vez, festejarei a morte de maneira diferente, mas também a ressurreição. Da primeira acho que perdi o medo e consigo bater com ela de frente, na boa. O problema é a segunda. Embora crendo na ressurreição em modo menos cinematográfico, tipo saindo da tumba em um corpo perfeito, radiante, que flutua no ar, mas como energia e matéria que retornam à fonte para uso e transformação que esta julgar conveniente "ad aeternum", minha fé de que os evolucionistas estejam errados tem que ser maior que um grão de mostarda, pois, se estiverem certos, corro o risco de, em uma infinita combinação aleatória de átomos e moléculas, ressuscitar como macaco e deste "evoluir" para humano. Aí, fala sério... não vale!

    FELIZ PÁSCOA!

    domingo, 3 de abril de 2011

    SENTINELA DA AMAZÔNIA

    Mais um post para minha querida Óbidos, Pará, Brasil! A inspiração para cometer o texto que segue chegou quando, ouvindo meu arranjo, lembrei o começo do Hino da cidade: Sentinela que guarda a riqueza... Lindo mesmo! Mas... Ops! Onde está a sentinela? Onde está a riqueza?

    A proporção entre títulos e renda não é muito boa. Abundam aqueles (sentinela, presépio etc.) e esta nem tanto. Mais ou menos meu caso. Logo, o bom senso recomenda não seguir escrevendo. "Porventura pode um cego guiar outro cego? Não cairão ambos no buraco?" (Lucas, 6,39). "Ninguém é profeta na própria terra." (Marcos 6,4). Porém, gostei muito do que li sobre a Mamangava, que eu nem sabia que existia, mas pesquisei e virei fã. É uma espécie de abelha.


    "Segundo as leis da aerodinâmica, a mamangava deveria ser incapaz de voar. Por causa do tamanho, do peso e da forma do corpo em relação à envergadura total das suas asas, voar para ela é cientificamente impossível. Mas, como ignora as leis da física, a mamangava, de qualquer jeito, vai em frente e voa..." John Maxwell

    Sou músico. Bom senso nem sempre me ditou estrada e, até aqui, paguei pelos meus erros, tolices e babaquices com dinheiro do meu parco talento e minha própria pele. Assim, como a mamangava, vou em frente...

    A cidade tem carnaval. A festa oficial tem um nome enoooorme! 4 sílabas, sendo 3 com 3 letras em um total de 11. Sendo carnaval a festa da carne e o nativo chupa-osso, seria mais divertido Carnavosso, afinal, depois dos 7 dias (e noites!), poucos continuarão comendo filé e muitos chupando osso. Viva o Mascarado Fobó (desse eu gosto)!

    Juazeiro, lá no Ceará, tem uma imensa estátua do Padre Cícero. Não vou entrar no mérito da idolatria e do fato que a Igreja não reconhece a santidade do "Padim", mas permite a romaria. Coisas humanas. O importante é que a estátua movimenta a cidade.

    Canindé. Está na Wikipedia: Possui o maior monumento religioso do mundo. Ei, não estou falando de Rio de Janeiro, Nova York ou Roma! É lá no (ainda) pobre sertão cearense!!!


    Aqui entre nós, que ninguém nos leia, meus filhos são cearenses e tenho queridíssimos amigos em todo o Ceará, mas, para "maior do mundo", esse monumento religioso merecia um acabamento melhor. De perto, parece que foi esculpido com um machado. Tudo bem. Estive em Assis, na Itália, e visitei tudo relativo ao Santo que considero um dos maiores exemplos do cristianismo. Viva $ão Francisco (que movimenta Canindé e Assis)!

    A Sentinela tem a Serra da Escama. De lá é possível ver a parte mais estreita do - esse sim - maior rio do mundo! Mas quando será que a cidade vai dar conta disso?

    Encontrei esta foto na Internet:


    Parece que é em Israel. Não importa.

    Lá em cima daquela Serra... tem uma arara loura. Fala arara loura! (repetir rápido, 3 vezes, sem errar) Conseguiu? Go ahead!

    É meu Diário... por favor...

    Lá em cima daquela Serra, devidamente recuperado o material que restou do passado e conta importante período da história do país, livre da degradação e do abandono dos dias atuais, uma gigantesca estátua de sentinela (não precisa ser a maior do mundo - já encheu o saco!) com um espaço em torno, espécie de mirante com bares, quiosques, comidas, música ao vivo, dança de carimbó, binóculos e lunetas para admirar o estreito do rio nesse vale imenso sem par, pousadas e, mais importante, fácil acesso por trilha ou estrada. Gringo, quando visita a África e a Amazônia, adora ser picado por carapanã, cobra, aranha etc. Ainda paga! Na boa.

    Não precisa muito dinheiro público para isso. A iniciativa privada, se perceber que pode faturar, investe rapidinho!

    Alto, Sentinela da Amazônia! Sentido! Atenção! Torna ao teu importante posto ou talvez, em breve, veremos oficialmente este cartaz:

    sexta-feira, 18 de março de 2011

    BOBOS DA CORTE



    Estou lendo "Musica Classica per Negati", de David Pogue e Scott Speck, com Introdução de Zarin Mehta, irmão do Zubin e Diretor Executivo da Philarmonica de NY, e Prefácio de Glenn Dicterow, Primeiro Violino da mesma Orquestra.

    Não conseguindo traduzir "Negati" com uma só palavra em Português, pedi ajuda aos meus colegas de trabalho, profundos conhecedores dos dois idiomas, e concluimos que seria melhor traduzir o sentido. Algo mais ou menos como "Música Clássica (ou Erudita) para Inaptos".

    Na página 20, da versão em Italiano, um parágrafo bateu direto no meu baú de memórias: Musicisti a servizio. Diz lá que um jovem músico na Europa em um passado de 300 anos seria aconselhado a procurar trabalho na corte de um rei, na casa um rico aristocrata ou em uma catedral. Muitos desses músicos, empregados de famílias nobres, eram tratados como servos e realizavam diversas tarefas. Apresenta um exemplo. Giuseppe Sammartini (1695-1775) foi um grande oboísta italiano, irmão mais velho do célebre Giovanni Battista, que escreveu algumas das mais belas sinfonias e que teve importante influência sobre o jovem Mozart. Como ganhava para viver? Era empregado da corte do Príncipe de Galles e prestava serviço como Chefe do staff doméstico, além de Professor de Música e Compositor. Então, sugerem os autores do livro, podemos imaginar o seguinte diálogo:

    PRÍNCIPE: As lasanhas estavam ótimas, Giuseppe.
    SAMMARTINI: Agradeço infinitamente Vossa Alteza por fazer elogios generosos e não merecidos ao meu humilde trabalho. O que deseja que seja preparado para o próximo domingo?
    PRÍNCIPE: Gostaria de um dos teus excelentes Concertos para Oboé. Adoro os teus ornamentos, as tuas melodias maravilhosas, as tuas decorações elegantes!
    SAMMARTINI: Vossa Alteza me deixa encabulado de orgulho.
    PRÍNCIPE: Ah, Giuseppe, quase esquecia: Faz engomarem melhor as minhas calças.
    SAMMARTINI: Pois não, Vossa Alteza.

    Assim viveram vários dos hoje famosos e grandes músicos. Mozart chutou o pau da barraca da corte onde trabalhava e levou, por esse motivo, um chute no traseiro. Pensava que tinha talento para coisa melhor. Terminou na vala comum.

    Hoje não é muito diferente. Com raras exceções, músico é sinônimo de Bobo da Corte. O problema é que, naquela época, reis, príncipes, aristocratas e religiosos costumavam andar vestidos. Hoje, também com raras exceções, estão nus. Completamente.

    domingo, 27 de fevereiro de 2011

    CARROS

    Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém.
    Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade. (Eclesiastes 1,1-2)

    Perdão, mas este é o meu Diário e nele guardo minhas recordações e tudo mais que me vier em mente.

    Hoje resolvi lembrar os calhambeques e carros que tive. Todos me ajudaram e serviram minha família fielmente. Merecem uma pequena homenagem.

    O primeiro a gente nunca esquece. Eu esqueci. Sim, esqueci de trazer uma foto dele para a Itália. Procurei o modelo na Internet, mas não encontrei igual. O mais parecido é o da foto abaixo. Sem dúvida, o meu era mais bonito, pois tinha umas listras coloridas nos lados e as lanternas traseiras em formato horizontal inteiro com desenho diferente e moderno. Modelo BIG, amarelo, para apenas duas pessoas, mas carregava sempre muito mais gente sentada na tampa do motor, segurando no "Santo Antônio" que era de fibra, também amarelo.

    Comprei em Belém e, por esse motivo, era, talvez, o único Buggy no mundo com ventilação forçada, pois, quando chovia e era preciso armar a capota, quem estava dentro corria o risco de cozinhar os miolos. Mandei instalar nele um ventilador que meu pai havia comprado na Zona Franca de Manaus e que durante muito tempo usou na nossa Kombi. Parecia um ar condicionado pequeno, bem discreto e potente. Quando levei o carrinho para Fortaleza, cidade com vento e sol durante todo o ano, ninguém entendia o que aquele ventilador fazia ali.

    Eu ainda era solteiro, mas já namorava minha atual companheira que, aliás, me ajudou a completar a grana para comprar o carro. Com ele, entre Salinas, Volta da Jurema e dunas do Cumbuco, me diverti muito! Inesquecível a descida de duna que fizemos em três: eu guiando, Marta ao meu lado e minha filha, Dalila, na barriga da mãe! Quanta loucura...


    Nele fiz até pequenas mudanças, carregando sofá, colchão e outros trecos. De tanto subir e descer duna, quase sempre com excesso de peso, um dia o motor cansou. Com muita pena, vendi.

    Estava me preparando para comprar outro carro quando, de repente, um cliente/aluno me aparece com uma BMW 1972 totalmente esculhambada e caindo aos pedaços. Foi amor imediato! As únicas referências eram o logo na tampa do motor e rodas, as maçanetas prateadas e as lanternas originais! - Vende? - Sim! - Quanto? - Preciso de um computador. - Eu tenho um 386 novo! - Trocamos? - Feito!

    Quando cheguei em casa com a BMW faltando um pedaço do painel, bancos rasgados e toda molambenta, a Marta, coitada, não entendeu nada! Mas também não reclamou. Acho que por esse e outros motivos estamos juntos há mais de 20 anos.

    Lá fui eu procurar uma oficina para "ressuscitar" o defunto. Encontrei. Começamos os trabalhos. A cor original era vermelho, mas parecia ferrugem em estado puro. Então, escolhi, claro, "vermelho Ferrari", fui na revenda BMW de Fortaleza buscar informações e fotos do modelo original, pesquisei, achei e, no fim, ela ficou assim:



    As fotos foram feitas em Aquiraz, no jardim da casa de praia do meu grande amigo Manoelito. O reponsável pelo restauro fez um trabalho maravilhoso! O painel novo e os bancos de couro, ainda com o sistema automático de regulagem funcionando, ficaram lindos! A mala toda acarpetada, botões e comandos originais cromados. Uma jóia! Ficou tão bom o resultado final que quando circulava em Fortaleza, não eram poucos os donos de BMW modernas e outros carrões que paravam para admirar a peça de museu.

    Tinha um único inconveniente: a capota. Não consegui adaptar uma elétrica e ficava difícil enfrentar o sol do Ceará com minha filha pequena no carro que tinha, por coincidência, como placa, o ano e o mês que ela nasceu: 9505. Vendi pelo dobro do que gastei no total. Foi divertido enquanto durou.

    Músico, com aluguéis de estúdio e apartamento na beira do mar de Fortaleza, que carro poderia comprar que fosse grande suficiente para a família e ao mesmo tempo barato? Ele, claro! O Lada Laika!


    Era Copa de Futebol. Com ele rodei meio mundo! Uma beleza! Não tinha nenhum acessório além do rádio. A direção pesava tonelada, mas, na estrada, de quinta, era pisar e ultrapassar quem estivesse na frente! Não tinha conversa! Manutenção barata, motor 1.6 e baixo consumo. Um dia, com meu pai dentro e, por sorte, na cidade, em velocidade reduzida, a direção quebrou. Vendi.

    Para quem tinha um Lada, o Tipo, primeiro carro completo, era macio, delicioso, maravilhoso, confortável, lindo! A foto é na frente da casa que estava construindo em Fortaleza, distante 20 minutos do Shopping Iguatemi e 10 minutos do Beach Park.


    Passamos um tempo com ele. Depois, apareceu um problema no ar condicionado que ninguém conseguia resolver. Vendi.

    Chegou a vez do carrão. Esse era o meu preferido. Completíssimo! Vidros, antena, mala, retrovisores elétricos. Rádio, CD e TV que mandei instalar para, agora, meus dois filhos, jogarem, inclusive, video-game! Faróis com luzes brancas. Os amigos diziam que era um Monza de paletó, pois, embora Daewoo, a mecânica era quase toda Chevrolet. Aquela coisa... não dá para comprar uma Mercedes? Benz e compra um genérico.



    Foto feita na Rua Antônio Augusto, em Fortaleza, no outro lado, em frente a minha Escola de Música.

    Agora, outra história de paixonite aguda. Sempre quis um Fiat 147 "caixa de fósforo", aquele com a cara chata. Não tinha um que passasse por mim em Fortaleza que eu não tentasse comprar. Infelizmente eram todos muito velhos e feios. Até que um dia encontrei este. O modelo era outro, diferente do que eu queria, mas estava conservado e, melhor, era a álcool! A Marta estava aprendendo a dirigir e na primeira vez que tentou sair da garagem com o Espero (Daewoo) quase quebrou o retrovisor. Pronto! Comprei o Europa com a desculpa que era para ela. De fato, foi onde aprendeu a dirigir para só depois guiar o carrão.




    Ficamos com eles até os últimos dias no Brasil.

    Já na Itália, nosso primeiro carro foi a Peugeot 405, grande, confortável e com a qual rodamos o novo país em todas as direções. Ajudou na mudança Bari-Roma e foi um carro muito fiel. O governo italiano pagou bom preço descontado no carro novo para que o velho fosse destruído e tirado de circulação, pois o motor antigo poluia o ar. Morreu.



    Enfim, nosso primeiro carrinho zero bala (2010), com o qual estamos até a data de hoje: Renault/Dacia Sandero completo (Laureate).


    A todos eles, muito obrigado!