domingo, 27 de fevereiro de 2011

CARROS

Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém.
Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade. (Eclesiastes 1,1-2)

Perdão, mas este é o meu Diário e nele guardo minhas recordações e tudo mais que me vier em mente.

Hoje resolvi lembrar os calhambeques e carros que tive. Todos me ajudaram e serviram minha família fielmente. Merecem uma pequena homenagem.

O primeiro a gente nunca esquece. Eu esqueci. Sim, esqueci de trazer uma foto dele para a Itália. Procurei o modelo na Internet, mas não encontrei igual. O mais parecido é o da foto abaixo. Sem dúvida, o meu era mais bonito, pois tinha umas listras coloridas nos lados e as lanternas traseiras em formato horizontal inteiro com desenho diferente e moderno. Modelo BIG, amarelo, para apenas duas pessoas, mas carregava sempre muito mais gente sentada na tampa do motor, segurando no "Santo Antônio" que era de fibra, também amarelo.

Comprei em Belém e, por esse motivo, era, talvez, o único Buggy no mundo com ventilação forçada, pois, quando chovia e era preciso armar a capota, quem estava dentro corria o risco de cozinhar os miolos. Mandei instalar nele um ventilador que meu pai havia comprado na Zona Franca de Manaus e que durante muito tempo usou na nossa Kombi. Parecia um ar condicionado pequeno, bem discreto e potente. Quando levei o carrinho para Fortaleza, cidade com vento e sol durante todo o ano, ninguém entendia o que aquele ventilador fazia ali.

Eu ainda era solteiro, mas já namorava minha atual companheira que, aliás, me ajudou a completar a grana para comprar o carro. Com ele, entre Salinas, Volta da Jurema e dunas do Cumbuco, me diverti muito! Inesquecível a descida de duna que fizemos em três: eu guiando, Marta ao meu lado e minha filha, Dalila, na barriga da mãe! Quanta loucura...


Nele fiz até pequenas mudanças, carregando sofá, colchão e outros trecos. De tanto subir e descer duna, quase sempre com excesso de peso, um dia o motor cansou. Com muita pena, vendi.

Estava me preparando para comprar outro carro quando, de repente, um cliente/aluno me aparece com uma BMW 1972 totalmente esculhambada e caindo aos pedaços. Foi amor imediato! As únicas referências eram o logo na tampa do motor e rodas, as maçanetas prateadas e as lanternas originais! - Vende? - Sim! - Quanto? - Preciso de um computador. - Eu tenho um 386 novo! - Trocamos? - Feito!

Quando cheguei em casa com a BMW faltando um pedaço do painel, bancos rasgados e toda molambenta, a Marta, coitada, não entendeu nada! Mas também não reclamou. Acho que por esse e outros motivos estamos juntos há mais de 20 anos.

Lá fui eu procurar uma oficina para "ressuscitar" o defunto. Encontrei. Começamos os trabalhos. A cor original era vermelho, mas parecia ferrugem em estado puro. Então, escolhi, claro, "vermelho Ferrari", fui na revenda BMW de Fortaleza buscar informações e fotos do modelo original, pesquisei, achei e, no fim, ela ficou assim:



As fotos foram feitas em Aquiraz, no jardim da casa de praia do meu grande amigo Manoelito. O reponsável pelo restauro fez um trabalho maravilhoso! O painel novo e os bancos de couro, ainda com o sistema automático de regulagem funcionando, ficaram lindos! A mala toda acarpetada, botões e comandos originais cromados. Uma jóia! Ficou tão bom o resultado final que quando circulava em Fortaleza, não eram poucos os donos de BMW modernas e outros carrões que paravam para admirar a peça de museu.

Tinha um único inconveniente: a capota. Não consegui adaptar uma elétrica e ficava difícil enfrentar o sol do Ceará com minha filha pequena no carro que tinha, por coincidência, como placa, o ano e o mês que ela nasceu: 9505. Vendi pelo dobro do que gastei no total. Foi divertido enquanto durou.

Músico, com aluguéis de estúdio e apartamento na beira do mar de Fortaleza, que carro poderia comprar que fosse grande suficiente para a família e ao mesmo tempo barato? Ele, claro! O Lada Laika!


Era Copa de Futebol. Com ele rodei meio mundo! Uma beleza! Não tinha nenhum acessório além do rádio. A direção pesava tonelada, mas, na estrada, de quinta, era pisar e ultrapassar quem estivesse na frente! Não tinha conversa! Manutenção barata, motor 1.6 e baixo consumo. Um dia, com meu pai dentro e, por sorte, na cidade, em velocidade reduzida, a direção quebrou. Vendi.

Para quem tinha um Lada, o Tipo, primeiro carro completo, era macio, delicioso, maravilhoso, confortável, lindo! A foto é na frente da casa que estava construindo em Fortaleza, distante 20 minutos do Shopping Iguatemi e 10 minutos do Beach Park.


Passamos um tempo com ele. Depois, apareceu um problema no ar condicionado que ninguém conseguia resolver. Vendi.

Chegou a vez do carrão. Esse era o meu preferido. Completíssimo! Vidros, antena, mala, retrovisores elétricos. Rádio, CD e TV que mandei instalar para, agora, meus dois filhos, jogarem, inclusive, video-game! Faróis com luzes brancas. Os amigos diziam que era um Monza de paletó, pois, embora Daewoo, a mecânica era quase toda Chevrolet. Aquela coisa... não dá para comprar uma Mercedes? Benz e compra um genérico.



Foto feita na Rua Antônio Augusto, em Fortaleza, no outro lado, em frente a minha Escola de Música.

Agora, outra história de paixonite aguda. Sempre quis um Fiat 147 "caixa de fósforo", aquele com a cara chata. Não tinha um que passasse por mim em Fortaleza que eu não tentasse comprar. Infelizmente eram todos muito velhos e feios. Até que um dia encontrei este. O modelo era outro, diferente do que eu queria, mas estava conservado e, melhor, era a álcool! A Marta estava aprendendo a dirigir e na primeira vez que tentou sair da garagem com o Espero (Daewoo) quase quebrou o retrovisor. Pronto! Comprei o Europa com a desculpa que era para ela. De fato, foi onde aprendeu a dirigir para só depois guiar o carrão.




Ficamos com eles até os últimos dias no Brasil.

Já na Itália, nosso primeiro carro foi a Peugeot 405, grande, confortável e com a qual rodamos o novo país em todas as direções. Ajudou na mudança Bari-Roma e foi um carro muito fiel. O governo italiano pagou bom preço descontado no carro novo para que o velho fosse destruído e tirado de circulação, pois o motor antigo poluia o ar. Morreu.



Enfim, nosso primeiro carrinho zero bala (2010), com o qual estamos até a data de hoje: Renault/Dacia Sandero completo (Laureate).


A todos eles, muito obrigado!

2 comentários:

  1. Ei!!!!!!
    Esqueceste a velha Brasília marrom -- cronologicamente anterior aos carros da tua vida, pois pertencia ao teu saudoso pai -- mas que pelas farras merecia também umas linhas.
    Se não tens fotos, creio que ainda tenho algumas por aqui.
    Abraços,
    Mileo

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  2. Amigo Mileo, a Brasília merece um inteiro post só para ela que, aliás, se não me engano, está viva! Ainda bem que ela não fala. Abraço! :-)

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