segunda-feira, 5 de março de 2012

70 x 7

Todas as vezes que recebo visitas tenho, quase sempre, problemas na hora de passear no meu carro de 5 lugares, pois, se a polícia encontra 6 ou mais despreocupados turistas dentro dele, teremos que voltar andando.

Minha mãe e irmãs estão sempre por aqui. Nosso próximo encontro será em Maio, no aniversário da minha filha e meu.

Diante de tão grave problema, resolvi trocar de carro. A Marta prefere o Duster, mas com motor a gasolina e gas de fábrica, 7 lugares, naquele momento, só tinha disponível o Dacia/Renault LOGAN. E, confesso, gosto dele.

Em um ano consegui rodar 70.000 Km com o Sandero. Mesmo assim, estava novíssimo e serviu como parte do pagamento do trenzinho das fotos.




Então, atenção amigos queridos que me visitam sempre. Espero, da próxima vez, acolher todos com mais espaço. Alugaremos, no mínimo, um carro a menos e, como diz meu amigo Chateaubriant, veremos melhor a luz no fim do tunel...

A Marta tentou tirar a neve, mas pela quantidade e altura desistiu. Tinha acabado de instalar o porta bagagem de teto. Congelou tudo! A primavera está chegando e mais uns 70.000 Km quero rodar neste antes de pensar no Duster da Marta. Ela sempre vence no final.

Chegando em Roma, preste atenção no que tem ao redor pela rua. Se perceber um trenzinho cheio de caipira... é nóis mesmo!

sábado, 3 de dezembro de 2011

KARAJAZZ

Para mim não faz diferença. Nasci em Belém e continuarei paraense no caso de uma eventual divisão do Pará. Mas, imaginando se tivesse nascido no que estão propondo como novos Estados, Tapajós e Carajás, como ficariam meus documentos? O que eu seria/serei no caso do primeiro? Tapajara? Tapauense? Taperebá? E no caso do segundo? Caraíba (que d+!), Caraoca? Carajeiro?

Se pretendem um plebiscito para divisão, por qual motivo os nomes dos novos Estados também dele não fazem parte? E por que tais nomes têm que ser necessariamente de origem indígena? O Pará, como todo o Brasil, é formado por pelo menos 3 raças: Branca, Negra, Amarela (considerando tudo que seja dessa cor). Não necessariamente nessa ordem. Começando pela última. Ok. Tapajós e Carajás representam os amarelos indígenas. Mas e os amarelos japoneses que plantam pimenta-do-reino e contribuem para a riqueza do Estado? Não poderiam ter na lista algumas sugestões, tipo Nova Hiroshima ou Nova Nagasaki, como os americanos fizeram com a velha York? Ficaria mais fácil como alvo quando os gringos resolverem detonar de vez a Amazônia.

Os Negros. Certamente a história do Pará é repleta de heróis negros. Então, não poderia se chamar um Estado de São Benedito e outro de Santa Anastácia? Se a oposição gritar por serem santos "católicos", que coloquem nomes dos heróis negros, mas, por favor, evitem Axé e coisas do gênero.

Os Brancos. O que morreu de Manoel e Joaquim para que o Pará fosse a imensidão que é e agora não tem uma lista que inclua também nomes europeus brancos? Que coisa! Sou a favor que o povo soberano decida os nomes dos novos Estados!

Pode ser algo sensato, como Amazonas, por exemplo. Amazonas acho um belo nome considerando a região onde se encontra e tudo mais. Ou algo esdrúxulo como Mato Grosso. O que é? Um mato que não é fino? Rio de Janeiro. Poderia ser de Fevereiro, quando tem carnaval. Pior! Quem nasce lá, com todo aquele sotaque besta, é cari-oca. Está no Aurélio: do Tupi, casa (oca) do branco (cari). Maranhão. Bem, pelo menos este se sabe que significa Sarney e que o Boi de lá dança Reggae. São Paulo pensa que é branco, mas acho que tem mais nome indígena por metro quadrado que qualquer outro Estado brasileiro: Iguatemi, Ibirapuera, Anhanguera, Pindamonhangaba... e por aí vai! Belém também exagera: Jurunas, Marambaia, Mundurucus, Caripunas, Timbiras... Putz! Chega!

Voltando aos nomes brancos. Até nome indígina em Inglês tem outra sonoridade: MANHATTAN! (Manrratan!). Wow! No Brasil seria, como já cantou alguém que não lembro quem, Manhantã! Blargh! Brincadeira. Bem, no caso branco a lista é grande... tem português, italiano, judeu etc. É só resumir. Coloca tudo na mesma panela e salta aí um... TAPAJAZZ (Tá, pajés!) ou, melhor, KARAJAZZ! Com K, lembrando o grande Karajan. Pelo menos nascendo em um dos dois Estados, o nativo teria um documento sonoro (que no fim das contas é negro, embora já mundialmente desbotado e esbranquiçado)... musical.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

CARNAVAL DA TRIBO


Dividir o Pará... as coisas sérias, as considerações fundamentadas e ponderadas, as análises filosóficas e políticas estão rolando por aí. A mim, como paraense de Belém, fútil e vazio, só interessam 3 coisas:

1. Ninguém toca na estrela.


2. O todo é maior que a soma de suas partes, logo...

3. O meu Pará tem 3 pontas. Tem 3 pontas o meu Pará. Se não tivesse 3 pontas, não seria o meu Pará.

domingo, 30 de outubro de 2011

domingo, 18 de setembro de 2011

UGAM-BUGARUM


Já escrevi muito sobre o passado e chegou o momento de falar do presente. Que presente! Quando vou ganhar o pão nosso de cada dia, deparo com a paisagem das fotos que fiz para minha irmã, Márcia. Trabalho no prédio ao fundo, logo após a última torre da igreja, na Piazza Navona, centro de Roma. Palazzo Pamphilj, Embaixada do Brasil. Ninguém entra lá sem passar por mim. Da senhora que faz a limpeza até o Presidente do Brasil.


Algumas vezes estou na residência do Embaixador e outras vezes na Chancelaria.


Sou apenas um vassalo, mas com muito que agradecer diariamente em minhas orações. Por falar nelas, passei um pequeno vexame recentemente. Estava internado em um hospital da Opus Dei, em Roma, e veio um padre italiano me visitar. Perguntou se eu queria confessar e comungar, no que concordei. Ao final da confissão ele deu minha penitência e me convidou para rezar o "Atto di dolore". - Que??? Pensei. - Ah, Padre, sei apenas em Português! - Não tem problema. Reze em Português. (Ferrou!) - Comece o senhor em Italiano. Nessa altura do campeonato, percebendo que eu não sabia mesmo era o que rezar, ele me ofereceu um livrinho com a bendita oração e rezamos juntos. Ufa! Acho que tive perdoados os meus pecados e pude, enfim, comungar em paz. Para entender do que se tratava, conversei com minha irmã Márcia. Era nada mais que o Ato de contrição. Putz! Meus filhos acabaram de fazer a Crisma e nunca ouviram falar. Que tristeza... que vergonha... que católico que sou. Para nunca mais esquecer, aqui vai a oração em Italiano:

ATTO DI DOLORE

Mio Dio, mi pento e mi dolgo con tutto il cuore dei miei peccati, perché peccando ho meritato i tuoi castighi, e molto più perché ho offeso te, infinitamente buono e degno di essere amato sopra ogni cosa. Propongo col tuo santo aiuto di non offenderti mai più e di fuggire le occasioni prossime di peccato. Signore, misericordia, perdonami.

Bem, neste presente que vivo, sabendo ser este o último ano do meu filho na Schola Puerorum della Cappella Musicale Pontificia Sistina, gostaria de lá colocar outro brasileirinho: um indiozinho da amazônia. Tem que ter, no máximo, 7 anos de idade e ser extremamente afinado. Quero adotar como filho e educar musicalmente como eduquei o meu. Ainda estou tentando convencer a Marta desse projeto, mas acho no que, no fim, ela vai concordar. Se alguém quiser ajudar...

Ferrari Neto cantando na Cappella Sistina

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

3 x 1


Anos 80... estes aparelhos eram o máximo! Permitiam reproduzir e gravar fitas K-7, discos de vinil, rádios FM, AM etc.

Lembrei deles hoje pensando na minha formação acadêmica.

A musical é mais conhecida e os frutos estão aí para receber tapas e beijos. As outras duas comento um pouco a seguir.

Foram 15 anos, em Fortaleza, exercendo a profissão de Psicólogo. 15 anos! Nunca deixei de clinicar. Trabalhava em colégios, empresas e hospitais, mas poucos sabem disso. Meu consultório particular funcionava em um dos pontos mais nobres da cidade: Rua Silva Jatahy, esquina com Av. Barão de Studard, Edifício Atlantic Center (do qual fui síndico), logo atrás do Habib's da Av. Mons. Tabosa, pertinho do mar, 8° andar e uma vista maravilhosa da cidade. Lá também funcionava meu estúdio musical onde eu dava aulas e produzia trabalhos independentes. Isso me obrigava a ter 2 ambientes distintos para cada situação, pois, enquanto no primeiro deveria evitar a exposição dos meus valores pessoais (fotos, crucifixos etc.), no segundo era livre para tudo.

Sempre gostei de clinicar, mas, financeiramente, comparando com a música, não era bom negócio. Enquanto um cliente de Psicologia pagava, na época, por exemplo, R$ 50,00 a R$ 70,00 por 50 minutos de terapia, no mesmo período de tempo, com 4 teclados e fones de ouvido, 4 alunos de música, pagavam R$ 25,00 a R$ 30,00 cada um! Ou seja, era praticamente o dobro! Fora os outros trabalhos como regência, produção, gravação, arranjos etc. Mesmo assim, eu atendia - pois era uma experiência maravilhosa, incrível e desafiadora - crianças, adolescentes, adultos, casais, idosos, famílias, enfim, exerci mesmo a profissão e, pelos resultados alcançados, posso dizer que fui honesto com os que confiaram em mim.

Sou freudiano, logo, minha sala tinha um divã.


Ah, quem dera! Não era como esse da foto, mas servia para a função. Sempre procurei ser ortodoxo e isso implicava em evitar transparecer minhas expressões faciais no decorrer do discurso.

Agora que estou distante da clínica, não vou discorrer sobre a teoria, Freud ou coisas do gênero. Muita gente já fez e, certamente, com muito mais capacidade e competência que eu jamais teria. Isso não me impede de relatar a minha impressão pessoal sobre o que aprendi com meus clientes.

O ponto principal é a escolha do paradigma. Durante 6 anos, entre bacharelado e especialização, no final, é preciso decidir. Desculpem, colegas de outras escolas, mas é como o ovo de Colombo: genial!

Depois vem a questão cultural. Sinto dizer, mas Psicanálise... hum... peraí... deixa eu tentar não ferir sentimentos... sabe... o "sujeito", no caso aqui com o sentido de "analisando", tem que ter alguns neurônios, talvez até mais que o analista, para, no decorrer do processo, chegar aos "insights", "catarses"... resumindo: pobre e burro complica. Nesse caso, ajuda mais uma cartomante, um pai-de-santo, um confessionário católico e coisas do tipo. Este parágrafo é polêmico. Muitos vão torcer o nariz, mas não me preocupo. Atendi gratuitamente, durante anos, pessoas de comunidades, favelas e periferias, na UNIFOR. Sempre se chega ao destino, mas a estrada é diferente.

Talvez isso explique o motivo dos planos de saúde no Brasil, com raras exceções, não cobrirem esse tipo de terapia. Não quero ser linchado, mas a clientela não exige por não entender que precisa e tem direito e, ao mesmo tempo, os tubarões pensam ser coisa de primeiro mundo ou de quem, vivendo em terceiro, pode pagar. Triste.

Administração.

Entre outras coisas, gostava disto: PERT/CPM.


Por muitos anos administrei escolas de música em Belém e Fortaleza, mas, confesso, não é fácil administrar para os outros. Quando cansei (e cansaram de mim), resolvi administrar minha própria escola que sustentou minha família até antes da nossa mudança de país. Além dela, administrei, mal ou bem, minha vida e um casamento de mais de 20 anos que resultou em um núcleo de 4.

Multifocal, como as lentes dos meus óculos...

domingo, 11 de setembro de 2011

MUSICANIMAL

Com ícones para chamar atenção, as partes aparecem no meio dos textos: "conselho", "tente você também", "não perca", "no CD", "atenção aos snobs", "um mergulho no passado" e "para conversar". Anoto algumas que não quero esquecer.

"Em Russians, Sting colocou texto em uma composição de Prokofiev".
"Handel nasceu na Alemanha e estudou na Itália. Isso explica a razão de ser considerado um dos maiores compositores ingleses".
"Ode a alegria, da Nona Sinfonia de Beethoven, desde 1985 é o hino oficial da UE".
"Mendelssohn foi um dos raros compositores da primeira metade '800 que obteve fama e fortuna em vida".
"Strauss era também um grande diretor de orquestra e isto poderia explicar porque foi, entre os grandes compositores, um dos poucos que em vida obteve fama e riqueza".
"Durante uma sessão de psicoterapia com Sigmund Freud, Mahler entendeu que aquele episódio (tem que ler o livro) o tinha induzido a associar a música mais frívola e alegre à tragédia".

As boas! :-)

"Se, assistindo a um concerto, parece que o solista está improvisando a cadência, significa que está se comportando bem".
"Em linha geral, as sonatinas são mais fáceis que as sonatas, em todos os sentidos. Geralmente são compostas para músicos principiantes. Se a MTV transmitisse música erudita, provavelmente a programação seria quase toda de sonatinas".
Aplaudir ou não aplaudir entre os intervalos dos movimentos (o livro pretende motivar o interesse pela música erudita). Os autores, antes do que vem a seguir, com muito humor, defendem a liberdade total dos aplausos, mesmo sabendo que isso não é possível nos dias atuais.
"Uma sinfonia (concerto ou suite) é concebida como um todo. Os movimentos têm sempre relações entre si: são inseparáveis, como frases de um parágrafo ou capítulos de um livro. Aplaudir entre eles faz com que sejam considerados separadamente, esquecendo, antes do final, o que aconteceu no início. Agora, explicaremos os motivos que nos levam a considerar esta opinião comum totalmente insensata:
. Os espectadores, para não disturbar o maestro e os músicos, reservam os seus ataques de tosse para os momentos de pausa que separam os movimentos e começam a tossir em massa. Do ponto de vista da orquestra é, sem dúvida, melhor assim que ouvir as tosses durante a execução, mas isso interrompe, de qualquer modo, a continuidade, exatamente como fariam os aplausos.
. De vez em quando, entre um movimento e outro, os músicos têm necessidade de afinar os instrumentos. Os sons estranhos oriundos das diferentes claves interrompem o fluxo da música". A lista continua, mas estes bastam.

O capítulo sobre os bastidores (maestros x músicos x sindicatos etc.) é hilariante do início ao fim!

Para não ficar longo demais, termino com uma parte da explicação sobre o Violino.

"Originalmente as cordas eram fabricadas com intestino de gato, o mesmo material que depois foi usado também para raquete de tênis. O motivo é que o intestino é muito elástico e pode ser esticado bastante sem arrebentar, produzindo um som muito agradável (para todos, mas talvez não para os gatos). Entre as extremidades do arco são fixadas algumas crinas de cavalo (extraordinária a importância dos animais na história da música). De que maneira a espécie humana conseguiu descobrir que esfregar uma parte do cavalo em uma parte do gato produz um belíssimo som é coisa que vai além da nossa imaginação." (MUSICA CLASSICA PER NEGATI - David Pogue & Scott Speck)