quarta-feira, 14 de setembro de 2011

3 x 1


Anos 80... estes aparelhos eram o máximo! Permitiam reproduzir e gravar fitas K-7, discos de vinil, rádios FM, AM etc.

Lembrei deles hoje pensando na minha formação acadêmica.

A musical é mais conhecida e os frutos estão aí para receber tapas e beijos. As outras duas comento um pouco a seguir.

Foram 15 anos, em Fortaleza, exercendo a profissão de Psicólogo. 15 anos! Nunca deixei de clinicar. Trabalhava em colégios, empresas e hospitais, mas poucos sabem disso. Meu consultório particular funcionava em um dos pontos mais nobres da cidade: Rua Silva Jatahy, esquina com Av. Barão de Studard, Edifício Atlantic Center (do qual fui síndico), logo atrás do Habib's da Av. Mons. Tabosa, pertinho do mar, 8° andar e uma vista maravilhosa da cidade. Lá também funcionava meu estúdio musical onde eu dava aulas e produzia trabalhos independentes. Isso me obrigava a ter 2 ambientes distintos para cada situação, pois, enquanto no primeiro deveria evitar a exposição dos meus valores pessoais (fotos, crucifixos etc.), no segundo era livre para tudo.

Sempre gostei de clinicar, mas, financeiramente, comparando com a música, não era bom negócio. Enquanto um cliente de Psicologia pagava, na época, por exemplo, R$ 50,00 a R$ 70,00 por 50 minutos de terapia, no mesmo período de tempo, com 4 teclados e fones de ouvido, 4 alunos de música, pagavam R$ 25,00 a R$ 30,00 cada um! Ou seja, era praticamente o dobro! Fora os outros trabalhos como regência, produção, gravação, arranjos etc. Mesmo assim, eu atendia - pois era uma experiência maravilhosa, incrível e desafiadora - crianças, adolescentes, adultos, casais, idosos, famílias, enfim, exerci mesmo a profissão e, pelos resultados alcançados, posso dizer que fui honesto com os que confiaram em mim.

Sou freudiano, logo, minha sala tinha um divã.


Ah, quem dera! Não era como esse da foto, mas servia para a função. Sempre procurei ser ortodoxo e isso implicava em evitar transparecer minhas expressões faciais no decorrer do discurso.

Agora que estou distante da clínica, não vou discorrer sobre a teoria, Freud ou coisas do gênero. Muita gente já fez e, certamente, com muito mais capacidade e competência que eu jamais teria. Isso não me impede de relatar a minha impressão pessoal sobre o que aprendi com meus clientes.

O ponto principal é a escolha do paradigma. Durante 6 anos, entre bacharelado e especialização, no final, é preciso decidir. Desculpem, colegas de outras escolas, mas é como o ovo de Colombo: genial!

Depois vem a questão cultural. Sinto dizer, mas Psicanálise... hum... peraí... deixa eu tentar não ferir sentimentos... sabe... o "sujeito", no caso aqui com o sentido de "analisando", tem que ter alguns neurônios, talvez até mais que o analista, para, no decorrer do processo, chegar aos "insights", "catarses"... resumindo: pobre e burro complica. Nesse caso, ajuda mais uma cartomante, um pai-de-santo, um confessionário católico e coisas do tipo. Este parágrafo é polêmico. Muitos vão torcer o nariz, mas não me preocupo. Atendi gratuitamente, durante anos, pessoas de comunidades, favelas e periferias, na UNIFOR. Sempre se chega ao destino, mas a estrada é diferente.

Talvez isso explique o motivo dos planos de saúde no Brasil, com raras exceções, não cobrirem esse tipo de terapia. Não quero ser linchado, mas a clientela não exige por não entender que precisa e tem direito e, ao mesmo tempo, os tubarões pensam ser coisa de primeiro mundo ou de quem, vivendo em terceiro, pode pagar. Triste.

Administração.

Entre outras coisas, gostava disto: PERT/CPM.


Por muitos anos administrei escolas de música em Belém e Fortaleza, mas, confesso, não é fácil administrar para os outros. Quando cansei (e cansaram de mim), resolvi administrar minha própria escola que sustentou minha família até antes da nossa mudança de país. Além dela, administrei, mal ou bem, minha vida e um casamento de mais de 20 anos que resultou em um núcleo de 4.

Multifocal, como as lentes dos meus óculos...

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