terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

HEY, LEAVE THE KIDS ALONE!

Este mundão é mesmo divertido.

Quando eu fazia estágio em Psicologia Escolar em uma escola “construtivista” em Fortaleza, ouvi, pela primeira vez, crianças cantando tradicionais cantigas-de-roda com letras alteradas.  Depois, vi na Internet alguns textos detonando o repertório infantil brasileiro. Tudo bem, tudo certo se tais análises tivessem como autores conceituados estudiosos do comportamento infantil. Que nada! A inspiração vinha das famosas apresentadoras de programas infantis da TV brasileira, uma mais competente que a outra na arte de transformar pequenos seres humanos inteligentes em imbecis robotizados. Então, não se pode atirar o pau no gato, nem o cravo pode brigar com a rosa. Ai, meus sais...

Fui catar nas minhas velharias todos os discos coloridos que tinham gerado a trilha sonora da minha infância e transformei tudo em CD para meus filhos. Que maravilha!

 

A Festa no Céu, uma historinha contada em forma de poesia, com rimas perfeitas e música de qualidade. Escravos de Jó, Pai Francisco, Lili, A canoa virou e tantas outras recuperadas e passadas para meus filhos que, enquanto pude, orientei a fuga da TV ordinária.

Na minha infância sempre cantei e brinquei ao som de todas essas músicas e nunca, motivado por elas, matei nenhum gato nem maltratei qualquer outro animal.

A música não era eletrônica. Tinha orquestra de verdade e uma das assinaturas era de ninguém menos que Radamés Gnatalli.

Os “Disquinhos” (nome original) eram assim:

 

Não sou saudosista e não acho que “meu tempo” era melhor que o tempo dos meus filhos. Era o meu tempo e acabou. Eles ouviram o repertório que eu digitalizei, gostaram, mas a realidade deles é diferente. Não existe mais brincadeira de roda na rua. Eles têm Nintendo DSi, computador, Internet, cinema 3D e outras geringonças do século XXI, nem melhores ou piores que as que eu tive. Apenas diferentes. Uma coisa é certa: estão anos-luz de mim quando tinha a mesma idade.

Antes de sair do Brasil doei meus “Disquinhos” para o Museu da Imagem e do Som (MIS) de Fortaleza. Lá estão conservados em ambiente refrigerado 24 horas por dia, foram restaurados e podem ser escutados por quem se interessar.

Aos queridos professores “destrutivistas”, um pedido: Parem com isso! Se não convém mais “atirar o pau no gato”, sejam criativos e inventem outras letras e músicas, mas não façam Piaget revirar no túmulo com Villa-Lobos. Não toquem na herança folclórica do país, pois isso não fará dos seus pupilos cidadãos melhores, mas apenas sem memória histórica. E quando eles descobrirem isso, vão atirar o pau não no gato, mas em vocês!

Assistam Pedro e o Lobo, uma história infantil contada através da música. Foi composta por Sergei Prokofiev em 1936, com o objetivo pedagógico de mostrar às crianças as sonoridades dos diversos instrumentos. Cada personagem da história (o Pedro, o lobo, o avô, o passarinho, a pata, o gato e os caçadores) é representada por um instrumento diferente.

 

Para concluir, escutem Pink Floyd:

We don't need no education
We dont need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teachers leave them kids alone
Hey! Teachers, leave them kids alone!
All in all it's just another brick in the wall
All in all you're just another brick in the wall


Por favor, deixem as crianças em paz!