sábado, 25 de dezembro de 2010

IL CAPO

Hoje lembrei do meu pai que em 2008 estava em Roma neste período, vendo e ouvindo o neto no Coro Cappella Sistina. Foi um lindo Natal, mas, passado pouco mais de um mês, se despediu da gente deixando muita saudade.

Lembrei de duas histórias que ele contava. Uma sobre Santa Teresa de Ávila e outra, em forma de poesia, sobre um cachorro, cuja última vez - já com a saúde fragilizada  - que tentou ler em voz alta para minha família, se emocionou e quase não conseguiu terminar a leitura. Desse poema, meu vira-lata (que me acompanhou por toda a infância) recebeu o nome. Vou dividir tudo em dois posts. Começo com Santa Teresa, considerada um dos maiores gênios que a humanidade já produziu. Mesmo ateus e livres-pensadores são obrigados a enaltecer sua viva e arguta inteligência, a força persuasiva de seus argumentos, seu estilo vivo e atraente e seu profundo bom senso. (Wikipedia)

Pesquisando na Internet só encontrei duas referências parecidas com o que contava meu pai, o que faz pensar que se trate mais de uma lenda, pois, nas ditas biografias, nada. O relato mais próximo do que eu conhecia encontrei neste blog e reproduzo a seguir.

Conta Fülöp-Miller que, já estando no final da vida, com o corpo cansado pelas muitas provações que sofrera, Santa Teresa D'Ávila havia partido com uma caravana para fundar um novo convento em Burgos. As estradas estavam inundadas pelas chuvas e era necessário atravessar o Rio Arlazón antes de chegar ao destino. Tendo sido destruída a ponte pela força das águas, segundo relata o autor, Teresa atirou-se bravamente à travessia, conclamando suas companheiras com alegria e determinação:

- Venha o que vier, se desmaiardes no caminho, se morrerdes na estrada, se o mundo for destruído, tudo isto está bem se atingirdes o vosso alvo.

Desse modo, conclamando todas a seguí-la, avançou corajosamente pela água gelada. Foi, então, que uma onda a fez escorregar para a parte mais funda do rio. Na luta desesperadora para vencer as águas e sobreviver, vislumbrou a presença excelsa de Jesus. O Mestre Divino ofereceu-lhe o apoio de seus braços fortes, agarrando-a pela mão. Teresa se salvou. Profundamente agradecida pelo amparo celeste, exclamou:

- Ah, Senhor! Graças à sua misericórdia, estou viva! Estou a salvo do perigo!

E Jesus, compassivo, retrucou-lhe:

- Está vendo, Teresa? É assim, em meio aos perigos da estrada, que eu trato os meus discípulos e os meus amigos queridos!

Teresa D'Ávila ouviu muito atentamente o Senhor. Logo após meditar um pouco, redarguiu ao Mestre, revelando lúcido senso de humor:

– Ó, Senhor, compreendo! É por isso que os tendes tão poucos.

Homenagem aos meus coralistas que tantas vezes cantaram essa oração.

Neste período, sem querer parecer piegas, essa historinha fez conexão na minha mente com uma música cujo autor não sei exatamente qual credo professa, mas, me parece, resumiu razoavelmente bem os requisitos necessários para falar com "il Capo". Neste Natal e no Ano Novo, antes da audiência, talvez seja melhor apertar o play deste video. BOAS FESTAS!

2 comentários:

  1. Que massa professor!!! Não vejo a hora de ler a história sobre o cachorro!!! Feliz Natal a todos!!! Meus pais te mandam um abraço forte!!

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  2. Bela história. De Santa Tereza D'Avila bom sempre lembrar: ..."a paciência tudo alcança". Está aí na foto dela.
    E o cachorro? será que era o VELUDO? "Eu tive um cão, chamava-se Veludo..." Se for este também marcou minha infância e adolescência, meu irmão declamava em todas as festas lé em casa e todos os convidados se derramavam em prantos. E eu saía no meio para não me verem chorando.
    Grande abraço.
    Aliana

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