domingo, 21 de agosto de 2011

TOO LATE (DERRAMADO)

Em um recital de Coral, antes de cada música, costumava comentar um pouco sobre alguns detalhes que considerava interessantes tanto no texto quanto na estrutura musical. Uma delas era "Coimbra": choupal, o lente, a história dessa Inês tão linda etc. Falando nela, era divertido como reagiam as pessoas quando contava que o rei mandou matar os que a mataram e comeu o coração deles (a Wikipedia diz que ele "se banqueteava" enquanto os corações eram arrancados em Santarém - logo lá? poderia ter sido em Óbidos!) e que mandou desenterrar Inês de Castro e a colocou sentada a seu lado obrigando a corte a beijar a mão da, então e finalmente, rainha.

Impressiona a capacidade de alguns humanos em derramar o leite e querer voltar com ele para a garrafa, gota por gota, para que seja bebido "integral"!

Coimbra é uma lição de sonho e tradição... o livro é uma mulher, só passa quem souber... mas, além disso, importante mesmo é que depois não adianta. Se dirá apenas...

AGORA É TARDE... INÊS É MORTA.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

VARIASONS

Não poderia faltar o tema. Demorou, afinal, as fotos que restaram estavam no Brasil.

O projeto, a história, o evento, um pouco de tudo já foi contado no livro "Decibéis sob Mangueiras", do escritor paraense Ismael Machado. Pulo.

Vou relatar aqui o caos, o pandemônio, os particulares que fizeram valer a pena cada minuto vivido naqueles anos musicais.

O livro "Musica Classica per Negati" conta que "algumas importantes obras de Bach foram salvas e conservadas apenas poucos momentos antes de servirem como papel para embrulhar peixe nas feiras". Muitas, aliás, tiveram esse fim. Possível imaginar o tesouro que se perdeu? Diz ainda o livro sobre "(...) a tradicional incapacidade do público em perceber a grandeza dos contemporâneos. São poucos os compositores e artistas que se tornaram famosos quando vivos. Bach foi muito conhecido, até venerado, ao seu tempo, mas como organista, não como compositor. As suas músicas ficaram no esquecimento por quase todo um século".

O filme "Amadeus" foi para as telas nos anos 90 e o que vou relatar aconteceu nos anos 80 em Belém do Pará. De qualquer modo, a conclusão final de Salieri sobre o domínio da mediocridade neste mundo e a necessidade de absolvição também era minha. A pedra filosofal do Variasons pretendia a alquimia de aproximar o imperfeito do perfeito, afinal, se o público, como diz o livro, tem dificuldade em perceber a grandeza dos contemporâneos, que dizer de meia dúzia de pretensos acadêmicos?

Meu objetivo era um palco com a melhor estrutura possível e em cima dele o desconhecido, o desacreditado, o gênio, o medíocre, o MÚSICO. Juiz: PÚBLICO.

Naqueles anos os tecladistas estavam em alta. Eram monstros respeitados. Egberto Gismonti, Wagner Tiso, Cesar Camargo Mariano, Chick Corea, só para citar alguns.

No meu pedacinho de mundo, lá estava eu como tecladista de uma banda cujos músicos possuiam os melhores e mais sofisticados instrumentos. Meu salário permitiu comprar o mais barato teclado Giannini com apenas 3 registros: Piano, Strings e Organ (hoje o brinquedo mais simples não tem menos de 100).

No Variasons era disponível para todos os músicos os melhores e mais caros instrumentos da época. Lá sim, era possível dedilhar um DX-7 Yamaha e outros modelos de marcas famosas tipo Roland, Korg, Kawai etc. O problema, no meu caso, era mais ou menos como um motorista de trator de repente ter que pilotar um jato 747. A idade e o raciocínio rápido que ela permitia facilitavam as coisas. E a gente pilotava!


Chega de relato pessoal. Já deu para perceber que o projeto veio para arrombar a festa! Se nos ambientes acadêmicos, públicos e oficiais o espaço era limitado aos gênios e panelinhas, no palco do Variasons subia praticamente todo mundo. Claro, eram apenas 3 noites e o tempo limitado, mas tentava ser o mais democrático (e anárquico) possível. Um exemplo? Muito bem! O que vem a seguir é um relato que está na comunidade "Variasons" do Orkut. O autor, músico, se chama Marcos Borges,  vive na França e gira a Europa e o mundo tocando. Segue o texto exatamente como ele escreveu e que me fez rir bastante!

variasons porta de entrada para a rapaziada
entao , praticamente vivenciei toda a trajetoria do variasons , me lembro dos grupos que iniciaram o evento XPTO , MOSAICO DE RAVENA, ECOS,,MORFEUS ( onde foi a grande estreia do grupo),ANJOS &DEMONIOS , REPRESSAO SUICIDA,GREEN HELL,O CRACK, GRUPO CHAMA,NECROPHAGY,dDELINQUENTES, GENOCIDE, ACIDO CITRICO ,NOSFERATUS,BLACK MASS,DNA,E TANTOS OUTROS;; entao voltando ao assunto ferrari junior musico pianista criou a ideia e concretizou solidamente o evento que era no ginasio do sesc da doca ,, depois passou para o centur ,, participei do evento pela primeira vez com o grupo de "METAL MACUMBA ' mais famoso de belem o MORFEUS na praça do povo do centur foi a estreia do grupo ,, e foi du "barbalho" foi a banda da noite quase o centur desaba dava pra sentir o palco tremendo , pois depois deste show o centur encerrou o variasons na praça por falta de estrutura e la vem o variason pro sesc novamente,,, depois participei de uma outra versao do variasons no ginasio do sesc , so que as reunioes do ferrari junior com os grupos eram feitas em uma tenda de circo atras do centur ,, e ai que entra minha estoria que ninguem (ou quase ) sabe ,,fui na reuniao de penetra onde estava uma porrada de gente parecia a "ARCA DE NOE" tinha de tudo ,punk, mataleiro , hippie, black metaleiro, carimbozeiro; mpbzeiro ;; ali o ferrari começou a selecionar os grupos ,a seleçao era complexa bastava dizer o nome do grupo e ja tava dentro ,, ai começou rolar os nomes ,delinquentes, black mass, terrorist, etc,,, derrepente o ferrari me olha e me pergunta e tu como se chama teu grupo?? e eu exitei um pouco e respondi " SCARFACE" entao la estava eu dentro do variasons de novo ,, o problema era que aquele grupo nao existia , pois falei aquilo no susto ,,eu nao tinha banda ,,huahuahuahuahua, ai acabamos tocando em 5 com a seguinte formaçao , kalunguinha "masturbator"(vocal), eu (baixo),max ccaa & crioulo doido(guitarras) e mauro gordo( batera),,E MOLE?????

Lá na comunidade existem diversos outros depoimentos, mas acho que esse resume bem o espírito do que foi aquilo. A imprensa paraense registrou cada versão do projeto estimando público de até 4000 pessoas por noite. Não importa o número exato. Era gente pra caramba! Pela minha mão circulou uma dinheirama da qual, como idealizador, coordenador e realizador de tudo, me coube o suficiente para comprar minha primeira mobilete de segunda mão. O investimento era todo na qualidade do que estava no palco. Quando penso nisso... não me arrependo. Foi divertido!

Infelizmente não consegui encontrar mais nenhuma foto das versões do CENTUR (com gente pelas mangueiras por falta de espaço no chão) e do palco da primeira versão, no SESC, que foram, no meu modesto ponto de vista, das mais surpreendentes, completas e bem servidas. Sobraram as que seguem.





terça-feira, 9 de agosto de 2011

CARPE DIEM

Estava com saudade deste espaço.

Julho/2011: girei por aí, falei com pessoas, ouvi histórias, revi o passado, revirei baú entre fantasmas e visagens. Voltei!

Na partida de Roma pela Air Italy nosso avião abortou a decolagem. Já estava com algumas centenas de Km/h quando começou a frear bruscamente. Sensação... escrota! Não tem outra classificação. Voltamos para a estação. Pizza & refrigerante foi o lanche oferecido para a espera de 4 horas que nos fez perder a conexão TAM Fortaleza / Belém e nos custou algumas centenas de R$ para remarcar os bilhetes para o próximo vôo.

Na volta, sempre com Air Italy, um atraso de 10 horas. Das 18:30 transferiram para 04:30 do dia seguinte. Lanche do Burger King oferto pela companhia e mais nada! Todo o resto pagamos nós. Depois dessa pequena espera, com apenas 1 hora de vôo e sem dormir absolutamente nada, na escala em Natal fizeram descer todos os passageiros, pois era fim da linha e o avião seria organizado para o vôo internacional que ali teria início. Ou seja, pegamos o bonde andando. Martinha, exausta, deixou no avião a sacola com bijuterias e cosméticos que acabara de comprar no Duty Free de Fortaleza, meus livros e os gibis dos nossos filhotes. Na volta, lugar mais limpo! Procura, chafurda, nada! Reclama daqui, dali, enfim, uma sugestão do pessoal de bordo: Lost & Found de Roma. Ok... lá chegando, outra sugestão: enviar um e-mail para o "customer care" da companhia, pois a sacola provavelmente teria ficado em Natal. Tínhamos um seguro oferecido pela Air Italy que, soubemos depois, não cobria bagagem de mão. Ma va... quem mandou não ler o imenso contrato? Sem muita esperança, escrevi e enviei o e-mail para a matriz italiana. Responderam! Prometeram procurar a sacola. Passados poucos dias, chegou outro e-mail: acharam a sacola! WOW! Estava em Natal. Prometeram entregar em casa. Passaram poucos dias, entregaram a sacola na porta da nossa casa! WOW2! Eh, va bene... faltava meu marcador de página, em metal, que minha irmã Martha trouxe de Dubai e me deu de presente... e também um tal "gloss" da minha filha. O resto estava lá! Inclusive revistas e livros brasileiros que eu não tinha lido ainda. Destes, quero comentar alguns.

Primeiro, uma revista (110 páginas) chamada PZZ (N° 11, Ano IV) que parece significar Pará Zero Zero, que não consegui (ainda) descobrir o que significa. Saborosa letra por letra, linha por linha! Traz a história do italiano Padre Jesuíta Giovanni Gallo e o Museu do Marajó. A revista tem como colaborador o filho do meu amigo Carlos Silva que foi quem me deu de presente o referido exemplar. Obrigado, meu caro! Tem mais? Quero assinar! Chega na porta da minha casa em Roma pela Air Italy?


Segundo, um pequeno livro de 30 páginas, mas que relata vidas e fatos maravilhosos: A presença franciscana em Óbidos, de Chaguita Pantoja.


Acho curioso apenas a quantidade de erros de impressão em algumas publicações brasileiras. Não existe mais revisor? Quando eu era aprendiz de feiticeiro, na tipografia dos franciscanos, tudo era revisado infinitas vezes. Detalhes...

Devorados ambos e iniciados outros, retornei para minha rotina que, aliás, nunca me pareceu tão bela, mesmo tendo que ir de vez em quando ao hospital, pois ainda me recupero da última cirurgia. Por falar nela, que saco ter que explicar toda vez minha atual aparência de faquir. Levei duas pauladas em dois anos, pô! Mas ainda estou aqui até o dia em que o "Capo" carimbar o visto no passaporte para o além (espero que demore)! E se quem pergunta não contribui com um centavo para meus remédios e médicos, com raras exceções, não terá de mim nenhuma resposta. Pode pensar e espalhar o que quiser, não me interessa. Quer o meu bem? Basta incluir a mim e minha família em orações. Grazie! Quer o mal? Diversas opções. Sem problemas. Eu chuto todas!

Pesquei bastante no Brasil e, chegando na Itália, lembrei que perto da nossa casa tem um lago. Lá fomos nós neste último final de semana e qual não foi minha surpresa quando descobri que é permitido pescar e tem inclusive uma lojinha com todos os apetrechos para pesca. Caramba! A vara é de metal, com punho emborrachado e bandeira italiana, recolhe como uma antena e é absolutamente flexivel e linda! Os vermes para isca são criados em cativeiro e vendidos vivos! Putz! Não precisa cavar e catar minhoca?! A Dalila gostou e o Neto detestou! Ele quer pescar, mas não tem coragem de espetar o ser vivo no anzol. Comprei tudo já montado: vara, linha, chumbinho, bóia, anzol e iscas. Total: 7 euros (fala sério...). Pesquei uns peixinhos que não sei o nome e devolvi todos para o lago. Vamos voltar lá! Ontem foi tudo meio improvisado, mas valeu o dia! Difícil foi convencer a Marta que os vermes devem ser guardados na geladeira de casa, no saquinho plástico, para que possam viver pelo menos uma semana, tempo para a próxima pescaria. As férias escolares só terminam na primeira metade de Setembro! Até lá, a cada dia o seu... bem.

 Lago di Bracciano: enquanto eles se divertem...

 ...io schiaccio un pisolino (tiro uma soneca)...

 ...ela faz pose...

..."o verme passeia na lua cheia"...

...até ser espetado no anzol...

 ...e proporcionar a foto com o peixe.
Assim foi... assim é.

domingo, 7 de agosto de 2011

PAU-X

No dia 09/11/2009, no Portal de Óbidos, foi publicado um texto de minha autoria pedindo ajuda na revisão da poesia e fotos para ilustrar um video com o Hino de Óbidos.

Esqueci que as pessoas da sala de jantar estão sempre ocupadas com suas tongas-da-mironga-do-kabuletê. Assim, sem respostas, em 06/07/2010 carreguei no YouTube uma primeira versão em preto e branco, sem imagens, apenas com a letra, na esperança de, no futuro, produzir tudo sozinho. Em Julho/2011 isso aconteceu e hoje o arquivo antigo foi substituído. Como canta o poeta, "quem montou na cobra-grande não se escancha em puraque". Pois é... sem pretensão além da diversão.

"Silêncio e sons... inspira a sentinela e acalenta o presépio a música do grande rio..." (Ferrari Jr.)