Ele nasceu, morreu e ressuscitou. Aleluia! Sem esse pequeno detalhe, tudo teria sido em vão. Por esse motivo é a Páscoa a maior e mais importante festa do cristianismo, embora para alguns se resuma a coelho que bota ovo de chocolate, feriado e praia.
Todos os anos festejo a data e envio mensagens aos familiares e amigos celebrando a vida. Ano passado estive alguns dias em um hospital e dei de cara com a morte. É com ela que quero uma conversinha desta vez. Na verdade, ela está por perto sempre, mas consegue não chamar atenção, até quando resolve se manifestar. Antes de ontem (18/04), por exemplo, levou Pietro Ferrero, 48 anos, herdeiro de um dos homens mais ricos do mundo, Michele Ferrero, criador da Nutella. Estava passeando de bicicleta, o coração parou, caiu e não levantou mais. Assim, sem muita explicação.
Segundo Carpeaux, são cinco grandes Stabat Mater: Vivaldi, Pergolesi, Haydn, Verdi e Rossini. As igrejas de Roma estão repletas deles neste período, mas o que me fascina no catolicismo é o conjunto, o completo, o todo, o tudo.
Diante da Pietà me pergunto como alguns seres dotados de inteligência perdem tempo discutindo se aquela dona era, continuou ou nunca foi virgem, se depois ou antes daquele filho teve outros, se o pobre marido segurou a onda e outras firulas que, pelo fervor da discussão, parecem fazer diferença na direção que gira o planeta.
Stabat mater dolorosa
iuxta Crucem lacrimosa,
dum pendebat Filius.
Cuius animam gementem,
contristatam et dolentem
pertransivit gladius.
iuxta Crucem lacrimosa,
dum pendebat Filius.
Cuius animam gementem,
contristatam et dolentem
pertransivit gladius.
Não vou colocar aqui o texto completo e traduzido, pois prefiro assim, duro como o mármore da estátua que Michelangelo faz macio como pano: MORTE! Absolutamente tudo caminha para ela e ao mesmo tempo foge dela. Filosofar sobre isso, aprofundar com teorias, discorrer sobre a música muitos já fizeram e não é o momento.
O ponto é que, como católico, nestes dias, pela primeira vez, festejarei a morte de maneira diferente, mas também a ressurreição. Da primeira acho que perdi o medo e consigo bater com ela de frente, na boa. O problema é a segunda. Embora crendo na ressurreição em modo menos cinematográfico, tipo saindo da tumba em um corpo perfeito, radiante, que flutua no ar, mas como energia e matéria que retornam à fonte para uso e transformação que esta julgar conveniente "ad aeternum", minha fé de que os evolucionistas estejam errados tem que ser maior que um grão de mostarda, pois, se estiverem certos, corro o risco de, em uma infinita combinação aleatória de átomos e moléculas, ressuscitar como macaco e deste "evoluir" para humano. Aí, fala sério... não vale!
FELIZ PÁSCOA!