terça-feira, 28 de dezembro de 2010

EDUCAÇÃO MUSICAL NO BRASIL

ATENÇÃO!

Vai começar o "samba do músico doido"!


CONSERVATÓRIO x ESCOLA TÉCNICA x UNIVERSIDADE
DIPLOMAS & diplomas

O seu filhinho completou 5 anos?! Hora de começar a estudar MÚSICA!

Como paraense e tendo vivido e trabalhado boa parte da minha vida entre Belém e Fortaleza, vou usar essas duas cidades como base para o que vem a seguir.

Lá vai você com seu querido pimpolho para a escola de música oficial do Governo do Estado do Pará, o Conservatório. Faz a matrícula e seu pequeno começa um programa que terá duração média de 8 a 10 anos!!!

Seu amigo que mora em Fortaleza, onde não existe Conservatório reconhecido pelo MEC, matriculou o filho dele, já adulto, no antigo CEFET (Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará ), atual IFCE (Instituto Federal do Ceará), depois que leu esta notícia no Jornal O POVO:

O curso de música do Cefet-CE é uma boa opção para quem quer se qualificar de forma rápida. Com duração de dois anos, ele oferece embasamento teórico e técnica instrumental.

Não, você não leu errado. Em apenas DOIS ANOS o filho do seu amigo terá um "diploma" com exatamente o mesmo valor do DIPLOMA do seu pobre filho que passou uma década trancado em um Conservatório estudando Bach, Bartok, Beethoven, Czerny etc.

Com esse DIPLOMA e com esse "diploma", teoricamente, ambos poderiam exercer a profissão de músico e dar aulas de música para alunos até o 2º grau, mas todos os concursos públicos para essa segunda possibilidade exigem nível superior. Maravilha! Estrada livre para o amigo do seu amigo que também tem um filho que fez um curso rápido de música e aprendeu o básico do básico em mais ou menos 6 meses, fez vestibular de música, foi aprovado e, em 4 anos, obteve o Bacharelado ou Licenciatura em Música, em uma turma composta por pessoas que estudaram muitos anos em Conservatório, 2 anos no CEFET e alguns dias em um beco qualquer. Todos sentados juntos e nivelados no primeiro dia de aula. Que lindo!

Dos 3, uma vez que seu filho e o filho do seu amigo não fizeram Faculdade de Música (aquela de 4 anos), o único que poderá fazer concurso público será o filho do amigo do seu amigo. Sim, aquele que, para o vestibular, aprendeu música em 6 meses num um beco qualquer.

A OMB? Continua lá. Para obter a carteira basta fazer... um ziriguidum.

Aí, doutores e catedráticos se reúnem para um simpósio onde discutem o futuro da música e do ensino musical nas escolas públicas brasileiras. Que d+!

Sem esperar o "resumo da ópera", imagine você o futuro. Enquanto isso, que tal entrar na roda e sambar com a gente?

Ok. Para não ser acusado de mostrar o problema e não apresentar solução, falo das flores.

Quer um DIPLOMA SUPERIOR  EM MÚSICA? Frequente, antes, um CONSERVATÓRIO DE MÚSICA reconhecido pelo MEC.

É, já sei. As turmas superiores teriam meia dúzia de gatos pingados. Isso não é problema meu, mas de todo um sistema de ensino e formação do profissional de música que, isso sim, deve ser discutido em simpósios, repensado e modernizado, ou continuará privilegiando e valorizando o esperto que pega atalho para chegar ao destino. Brasil...

domingo, 26 de dezembro de 2010

GELERT

Aqui vai a poesia prometida. Antes, porém, uma singela homenagem aos nossos mais fiéis e sinceros amigos.

O primeiro foi batizado, como disse no outro post, com um nome encontrado no poema. Era um vira-lata muito bonito, de estatura média, com pelo macio e manchas brancas e marrons. Foi meu fiel escudeiro por praticamente toda a minha infância. Fazia sozinho o trajeto de alguns quarteirões da nossa casa para a casa da minha avó paterna e vice-versa. Quando não estava em uma, estava na outra. Na hora do almoço e do jantar sentava no chão ao lado da minha cadeira e apoiava a cabeça na minha perna. Lá ficava quieto. Eu pegava um pedaço de bife ou do que estivesse comendo, mostrava para ele e largava no ar. Não errava uma bocada! Dormia quase sempre no tapete ao lado da minha cama e me seguia quando eu ia andar de bicicleta.  Tomava banho com sabonete e shampoo, mas, como vivia livre, era sempre cheio de pulgas.

Meu pai comprou os instrumentos musicais da Irmã Teresinha, minha primeira professora de Música, quando a Ordem religiosa que administrava o Colégio S. José resolveu mudar de cidade. Nossa casa tinha, além do Piano, Acordeon, Marimba e Gaita, para citar alguns. Meu cachorro não podia ouvir qualquer desses istrumentos que começava a uivar. Das duas, uma: tentava cantar ou vaiar. Até hoje não sei exatamente.

Mudamos para Belém e ele ficou com nossos parentes. Pouco tempo depois, morreu. Diz minha mãe que foi saudade... mas ele já estava velho também.

Os outros foram: Lulu (vira-lata), Laila (Pincher), Blaublau (Dálmata), Plumma e Toti (Poodle) e, por fim, Milli e sua filha Filó (Doberman). São muitas histórias que, infelizmente, não cabem aqui.

Milli, Neto e Dalila - Fortaleza

A MORTE DO CÃO

Dom Augusto da Silva

  Chamavam-no Gelert. Soberbo cão de raça,
Que um caçador famoso, um doido pela caça,
Mandara vir de fora a peso de dinheiro.
Era o ídolo o cão; e, ao carinho tão doce
Dos agrados gentis, o cão acostumou-se
A consagrar também a vida ao companheiro.

Na época melhor das ótimas caçadas,
Os dois partiam sós, à luz das alvoradas,
Buscando o coração misterioso das matas,
E voltavam depois, alegres e contentes
Despertando em redor os íncolas dormentes,
Ao compassado som de estranhas serenatas.

Quantas vezes na caça os dentes das panteras,
O bramido soturno e tétrico das feras,
Que perigos passou, quanta arriscada empresa
Ameaçavam do cão o derradeiro instante…
Não sofrera fiel, para apanhar a presa,
Que ao dono provocasse um bravo delirante!…


Mas, depois de algum tempo, o cão envelhecido,
Desdentado, sem força, exausto, entorpecido,
Já bem dificilmente acompanhava o dono.
Era um cão sem valor, inútil companhia,
Que preciso se fez, de dia para dia,
Ir deixando ficar em mísero abandono.

A fortuna também girou rapidamente;
E o velho caçador tão rico, de repente,
Sentiu minguar-lhe o pão, sentiu faltar-lhe o ouro;
A morte lhe roubara a esposa muito amada,
E ele viu sua casa erma e abandonada,
Tendo um filhinho só por único tesouro.

Um dia, disfarçando o peso da desgraça
Que aos poucos lhe esmagava o triste coração,
Ele partiu, contando as emoções da caça,
Mas quis partir sozinho, e acorrentara o cão.

Do mísero cativo a pérola do pranto
Descera, mas ao ver o caçador contente,
O pobre cão lá foi, resignado, a um canto
Deitar-se, carregando o peso da corrente.

A noite que descia,
Em silencio profundo e em trevas envolvia
A casa. De repente
Ouve-se estranho passo. E, logo, frente a frente,
Sinistro, ameaçador, enfurecido,
Farejando a amplidão, faminto, um lobo avança.

E lá no berço a criancinha dorme,
Como dorme no berço uma criança…
Nesse momento,
No turvo olhar do cão lucila um pensamento.

O lobo se aproxima… escancarada a porta
Encontrava-se então… Eis, repentinamente,
Gonindo, uivando, o cão forceja, torce e corta,
Num ímpeto de amor, os elos da corrente.

Travou-se, então, uma horrorosa luta,
No silencio da noite, indiferente e bruta…
Surdo ranger de dentes,
Ossos a estralejar, em ímpetos frementes,
E contrações de dor, entre urros e gemidos.

Mil instintos da raiva, em gritos comprimidos,
Na sede da vingança, e os baques pelo chão,
Tudo acordava, em torno, a quieta solidão…
E o sangue a borbotar, e o fogo do cansaço,
E a relva, machucada, espalha pelo espaço
Um acre odor de guerra…

Depois… o baquear de um corpo em cheio em terra,
Depois… um abafado e último gemido…
- Um preito ao vencedor por parte do vencido;
Depois diminuindo e, gradativamente,
Vagaroso arrastar de um corpo indiferente.
Depois... depois mais nada!
Era a tragédia finda e a noite sossegada…

Mais tarde, ao despertar da fresca madrugada,
O caçador voltara.
E vendo a porta aberta, e a casa palmilhada
Com o sangue do cão,
Corre para o filhinho… anseia… estua, pára,
Ao ver ensangüentado o berço da criança;
Louco de amor paterno e louco de vingança,
Apanha junto ao peito o cabo do punhal,
E vendo, aos pés, a festejar-lhe, o cão,
Atira um golpe rijo ao peito do animal,
Que exânime resvala em último estertor.

Mas nisto, ouve uma voz que chama o caçador:
“Papá… Papá!” Alucinado, incerto,
Ouve a voz do filhinho... (o filho estava perto!)
Correu, e espavorido, atônito, absorto,
O foi achar contente, sossegado,
Junto à casa do cão e ali bem perto, ao lado,
O lobo enorme ensanguentado e morto.

Illustration of the legend of Gelert (1845–1894)
Charles Burton Barber

O CÃO REAL DO PAÍS DE GALES
(Texto original neste link)

Uma das vilas mais bonitas do Paí­s de Gales é Beddgelert, que fica na junção de três vales, no condado de Gwynedd.

Milhares de visitantes de todas as partes do mundo vão para lá todos os anos, mas não é devido aos jardins ornamentais ou pelas atraentes lojas de souvenir. Há uma razão especial para esta vila ser tão popular e tem tudo a ver com um incrí­vel cão real.

O cão, Gelert, é uma das maiores lendas do Paí­s de Gales e sua estória aquece o coração dos amantes de animais. O nome da vila, Beddgelert, está fortemente ligada a esta estória romântica e se traduz literalmente como "o túmulo de Gelert"- o nome do leal cão do príncipe Llywelyn, que reinou esta parte do Paí­s de Gales muitos séculos atrás.

Gelert nasceu no castelo do rei John da Inglaterra, que reinou entre 1199 e 1216, e quando a filha do rei se casou com o prí­ncipe Llywelyn, o filhote foi dado a eles como presente de casamento. Gelert cresceu e se tornou um cão de caça corajoso e conhecido por sua lealdade. Com o passar do tempo, Llywelyn ficou cada vez mais apegado ao cão e Gelert era sempre visto ao seu lado. Em um curto perí­odo de tempo Gelert foi nomeado líder da matilha de cães do prí­ncipe, pois não havia outro que tivesse a sua persistência e força.

Cerca de um ano mais tarde, a esposa do prí­ncipe deu a luz a um lindo garoto. Gelert se encantou com o bebê e ficava noite e dia ao lado do berço. Ele recusou-se a ir caçar com o prí­ncipe um dia e parecia preferir ficar guardando o bebê enquanto ele dormia no berço. Embora Llywelyn sentisse muito a falta do animal, entendia que o cão precisava proteger a famí­lia e por isso não forçou Gelert a acompanhá-lo. Llywelyn sabia que no final do dia Gelert sempre estaria esperando no portão do castelo pelo retorno do seu senhor.

Um dia Llywelyn voltou para casa e encontrou seu fiel cão no portão. Ao se aproximar, ficou horrorizado em ver sangue no focinho e corpo de Gelert. O prí­ncipe correu para dentro do castelo e para o quarto de seu filho. Não havia sinal do bebê, mas o berço estava virado e as cobertas da criança estavam caí­das no chão, encharcadas de sangue.

O prí­ncipe ficou com o coração partido e concluiu precipitadamente que Gelert, com ciúmes, matara o bebê enquanto estava caçando. Em um ataque de raiva, Llywelyn sacou sua espada e matou Gelert. Mas quando Llywelyn caiu de joelhos chorando, seus gritos foram respondidos pelo choro do bebê.

Llywelyn endireitou o berço e encontrou seu filho embaixo dele. O bebê não tinha sofrido mal algum e estava dormindo tranqüilamente dentro do emaranhado de cobertas no chão. Enquanto o príncipe colocava seu filho no berço pode ver a cauda de um animal embaixo de um dos cobertores. Lá estava o corpo de um grande lobo que havia sido morto por Gelert enquanto tentava atacar o bebê dentro do berço.

A estória conta os remorsos do prí­ncipe. Tentando mostrar ao mundo o quão orgulhoso era de seu leal Gelert, enterrou o cão nos arredores do castelo e deu-lhe um enterro digno de um rei. É dito que o prí­ncipe e seu filho visitavam o local freqüentemente e que ordenou que o local fosse conhecido como Beddgelert, em memória a seu amado cão.

Embora pareça uma estória triste, a lenda do corajoso Gelert tem lugar nos corações de gerações de amantes de cães ao redor do mundo. Ela continua sendo uma maravilhosa estória que toca os corações das milhares de pessoas que visitam o local. E a lealdade de Gelert, o verdadeiro cão real do País de Gales, vive nos corações de muitos.

(em memória do meu pai e do nosso fiel amigo Gelert)
(CONHEÇA O SEU IDIOMA, Vol. 2, Páginas 189-191)

sábado, 25 de dezembro de 2010

IL CAPO

Hoje lembrei do meu pai que em 2008 estava em Roma neste período, vendo e ouvindo o neto no Coro Cappella Sistina. Foi um lindo Natal, mas, passado pouco mais de um mês, se despediu da gente deixando muita saudade.

Lembrei de duas histórias que ele contava. Uma sobre Santa Teresa de Ávila e outra, em forma de poesia, sobre um cachorro, cuja última vez - já com a saúde fragilizada  - que tentou ler em voz alta para minha família, se emocionou e quase não conseguiu terminar a leitura. Desse poema, meu vira-lata (que me acompanhou por toda a infância) recebeu o nome. Vou dividir tudo em dois posts. Começo com Santa Teresa, considerada um dos maiores gênios que a humanidade já produziu. Mesmo ateus e livres-pensadores são obrigados a enaltecer sua viva e arguta inteligência, a força persuasiva de seus argumentos, seu estilo vivo e atraente e seu profundo bom senso. (Wikipedia)

Pesquisando na Internet só encontrei duas referências parecidas com o que contava meu pai, o que faz pensar que se trate mais de uma lenda, pois, nas ditas biografias, nada. O relato mais próximo do que eu conhecia encontrei neste blog e reproduzo a seguir.

Conta Fülöp-Miller que, já estando no final da vida, com o corpo cansado pelas muitas provações que sofrera, Santa Teresa D'Ávila havia partido com uma caravana para fundar um novo convento em Burgos. As estradas estavam inundadas pelas chuvas e era necessário atravessar o Rio Arlazón antes de chegar ao destino. Tendo sido destruída a ponte pela força das águas, segundo relata o autor, Teresa atirou-se bravamente à travessia, conclamando suas companheiras com alegria e determinação:

- Venha o que vier, se desmaiardes no caminho, se morrerdes na estrada, se o mundo for destruído, tudo isto está bem se atingirdes o vosso alvo.

Desse modo, conclamando todas a seguí-la, avançou corajosamente pela água gelada. Foi, então, que uma onda a fez escorregar para a parte mais funda do rio. Na luta desesperadora para vencer as águas e sobreviver, vislumbrou a presença excelsa de Jesus. O Mestre Divino ofereceu-lhe o apoio de seus braços fortes, agarrando-a pela mão. Teresa se salvou. Profundamente agradecida pelo amparo celeste, exclamou:

- Ah, Senhor! Graças à sua misericórdia, estou viva! Estou a salvo do perigo!

E Jesus, compassivo, retrucou-lhe:

- Está vendo, Teresa? É assim, em meio aos perigos da estrada, que eu trato os meus discípulos e os meus amigos queridos!

Teresa D'Ávila ouviu muito atentamente o Senhor. Logo após meditar um pouco, redarguiu ao Mestre, revelando lúcido senso de humor:

– Ó, Senhor, compreendo! É por isso que os tendes tão poucos.

Homenagem aos meus coralistas que tantas vezes cantaram essa oração.

Neste período, sem querer parecer piegas, essa historinha fez conexão na minha mente com uma música cujo autor não sei exatamente qual credo professa, mas, me parece, resumiu razoavelmente bem os requisitos necessários para falar com "il Capo". Neste Natal e no Ano Novo, antes da audiência, talvez seja melhor apertar o play deste video. BOAS FESTAS!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

NUVEM PASSAGEIRA

Certa vez, excursionando pelo Brasil com um dos meus Corais, passamos em Salvador (BA) e visitamos diversos monumentos e igrejas. A de São Francisco foi, sem dúvida, a que mais impressionou a todos pela beleza, riqueza e grandiosidade.

  

A Wikipedia inicia assim a página sobre o referido templo:

A Igreja e Convento de São Francisco são importantes edificações históricas da cidade de Salvador, na Bahia.

Foram classificadas, em 2009, como uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo e indicadas à eleição das 7 Maravilhas do Brasil.

Clicando neste link é possível uma visita virtual ao interior recoberto de ouro.

No teto, não lembro mais exatamente em qual parte, tem uma gravura (já não sei precisar também se de Santo, Anjo ou outra criatura) que, sob ela, se feita uma roda de pessoas de mãos dadas, quando começar a girar, os olhos na pintura seguirão os olhos de quem os fitar.

A mim, a "pobreza franciscana" da igreja reluziu mais que o pretenso ouro, pois sei que o patrimônio é do povo de Salvador e da humanidade. Uma coralista protestante, porém, ao terminar a visita e escutando a conversa dos demais colegas ainda estupefatos com tudo que tinham visto, ponderou: "É... muito lindo, pena que 'não ficará pedra sobre pedra' (Lc 21,5-11)". Balde de água fria na fogueira, um instante de silêncio e caimos na gargalhada! Ela tinha razão.

Os mesmos Franciscanos, talvez pensando nisso, em Roma, em plena Via Veneto, onde circulam reis e poderosos do mundo, decoram a cripta da Chiesa di Santa Maria Immacolata com o que resta dos frades mortos.



Na entrada se lê:
« Noi eravamo quello che voi siete, e quello che noi siamo voi sarete. »
("Nós éramos aquilo que vocês são, e aquilo que nós somos vocês serão.")
Wow! It's true!

Então, o velho dilema... "To beer or not to beer?", aliás, "To be or not to be?" Ao mesmo tempo que sofre os efeitos da pulsão (freudiana) de morte, o homem quer ser imortal. Uns através da religião, outros através da ciência, das artes, da história...

Enquanto católico creio que, ao morrer, a criatura retorne ao Criador, mas não me preocupo muito com céu, purgatório e inferno. O que vem depois só descobriremos quando chegarmos lá. O importante é fazer tudo para chegar em PAZ, afinal, esse derradeiro estado de espírito vai demorar, digamos... uma eternidade...

Essa finitude com vontade de infinitude legou coisas incríveis para a humanidade, como as pirâmides do Egito, o Taj Mahal, invenções, obras de arte etc. Tesouros que a ferrugem consome e os ladrões roubam, mas que, sejamos honestos, gostaríamos de ter em vida, mesmo se ao final se perde tudo, como aconteceu recentemente com um famoso apresentador e dono de TV no Brasil.

É Natal... e o objetivo deste texto é apenas lembrar que o aniversariante da data não deixou absolutamente nada além de palavras. O céu e a terra passarão, mas elas não. (Mc 13,31)

Nós, degredados filhos de Eva, podemos apenas cantar essa velha e brega musiquinha...